Mais longo do que a circunferência da Terra: com 50 mil quilómetros de extensão e a 7 quilómetros de profundidade, estrutura para transmissão de dados ligará Brasil, EUA, África do Sul, Índia e “outras regiões”.
A Meta, empresa-mãe do Facebook, Instagram e WhatsApp, anunciou esta terça-feira o plano de instalar o maior cabo submarino do mundo, que ligará os cinco continentes para o transporte de dados, incluindo para o desenvolvimento de Inteligência Artificial (IA).
O cabo terá mais de 50 mil quilómetros de extensão e vai ligar os Estados Unidos, a África do Sul, a Índia, o Brasil e “outras regiões”, descreveu a empresa, evitando áreas críticas como o Mar do Sul da China.
Denominado “Waterworth“, será o terceiro e maior projeto do género levado a cabo pela gigante tecnológica, que será a única proprietária do canal.
No seu blogue, a Meta afirma que vai instalar o seu sistema de cabos até 7000 metros de profundidade e “utilizar técnicas de enterramento melhoradas em zonas de falhas de alto risco, tais como águas pouco profundas perto da costa, para evitar danos provocados por âncoras de navios e outros perigos”.
A Meta não revelou o montante total do investimento no projeto, mas indicou que se trata de “vários milhares de milhões” de dólares. Mas a proprietária do Facebook afirmou que o projeto do cabo proporcionará “uma conectividade abundante e de alta velocidade“, essencial para impulsionar a inovação em inteligência artificial.
O “treino” de novos modelos de IA pode exigir o transporte rápido de grandes quantidades de dados para locais onde existam aglomerados de computação em todo o mundo, sublinha o mesmo especialista.
“Este projeto permitirá uma maior cooperação económica, facilitará a inclusão digital e abrirá oportunidades para o desenvolvimento tecnológico nestas regiões”, anunciou a empresa.
99% das comunicações são feitas por estes cabos
A comunicação digital global está ancorada numa rede de aproximadamente 450 cabos submarinos, que juntos totalizam cerca de 1,2 milhões de quilómetros de tubagens, segundo um relatório de 2024 do Centro de Estudos Estratégicos e Internacionais (CSIS).
De acordo com o centro, infraestruturas deste tipo são responsáveis por cerca de 99% das comunicações digitais transoceânicas e por 10 mil milhões de dólares em transações financeiras diárias.
Nos últimos anos, grandes empresas tecnológicas ávidas por dados, como a Meta, entraram neste setor dos cabos submarinos, que anteriormente era domínio exclusivo dos operadores de telecomunicações.
“Em determinado momento, quando o crescimento é tão grande e o volume de procura supera o de outras empresas, torna-se mais vantajoso investir diretamente, eliminando o intermediário”, disse à AFP Alan Mauldin, diretor de pesquisa da empresa especializada em dados, Telegeography. A Google é outra empresa que tem investido fortemente na área, com 16 projetos de cabos submarinos.
Cada tubagem é composta por um feixe de cabos de fibra ótica protegido por um revestimento blindado que pode ser enterrado vários metros abaixo do leito do mar para maior proteção.
Porquê investir em cabos próprios?
As plataformas querem entrar no mapa dos cabos não apenas para garantir a ligação direta entre as suas operações globais, mas também para aumentar a resiliência das suas redes, segundo Mauldin. “Um único cabo de grande dimensão e alta capacidade não basta… é necessário ter três ou quatro, para que, caso um ou dois falhem, seja possível redirecionar o tráfego”, explicou.
Todos os anos ocorrem cerca de 200 incidentes que provocam danos nos cabos e que, de outra forma, poderiam comprometer vastas áreas da atividade económica. Esses danos podem ter origem em fenómenos naturais, como deslizamentos de terra submarinos e tsunamis, ou em ações humanas, como o arrasto de âncoras de navios ou de equipamentos de pesca.
Os cabos também podem ser alvo de sabotagem e espionagem deliberadas.
Em janeiro, a NATO lançou patrulhas no Mar Báltico após suspeitas de ataques a cabos de telecomunicações e energia. As autoridades europeias alertaram para o aumento das ameaças híbridas provenientes da Rússia.
Os cabos submarinos são vulneráveis a cortes e escutas, o que exige equipamentos sofisticados que poucos países possuem. Segundo o CSIS, a Rússia demonstrou tanto a capacidade como a intenção de atingir infraestruturas críticas de telecomunicações submarinas dos países da NATO.
A rota planeada para o projeto “Waterworth” da Meta evita pontos críticos geopolíticos, como o Mar do Sul da China, alvo de disputas entre Pequim e os seus vizinhos, e o Mar Vermelho.
ZAP // DW
5 continentes??? pelo desenho só vejo 4.