Equipa diz haver tecnologia atual para considerar seriamente a injeção de micróbios terrestres na lua gelada de Saturno, Encélado.
E se, em vez de procurarmos vida noutros mundos, a levássemos até eles?
Essa é a provocadora sugestão de um estudo publicado em fevereiro na Space Policy. Mais especificamente, a equipa responsável explora a possibilidade de introduzir micróbios terrestres no oceano de Encélado, uma das luas geladas de Saturno.
Mas afinal, para quê? No fundo, para ver o que acontece — ou como a vida se poderia desenvolver em mundos sem vida, mas considerados habitáveis.
Encélado é considerada um dos locais mais promissores do Sistema Solar para a procura de vida extraterrestre. O seu oceano subterrâneo e a presença de ingredientes químicos essenciais para a vida — ambos confirmados — apoiam essa teoria.
Agora, o novo estudo propõe que, se missões futuras àquela lua confirmarem que esta é estéril, poderia ser feita uma experiência biológica controlada no território que passaria, resumidamente, por lá semear micróbios e monitorizá-los para perceber melhor como a vida apareceu e evoluiu por cá, na Terra.
“O conhecimento adquirido com a inoculação dos oceanos gelados da Lua seria especialmente aplicável à radiação da vida nos oceanos primitivos, como poderia ter sido o caso se a vida na Terra tivesse começado numa fontes hidrotermais nas profundezas do mar”, explicam os investigadores, citados pelo IFL Science.
Para os investigadores, a tecnologia atual já pode sustentar a introdução de vida em luas áridas selecionadas, como Encélado ou até mesmo, sugerem a lua do mesmo planeta Titã, Europa (uma das luas de Júpiter) ou Ceres (planeta anão entre Marte e Júpiter) — ao contrário da tentativa constante de terraformar Marte.
Mas antes de pensarmos nisso, há questões prioritárias que estão em torno da ética deste processo: dando um passo deste tamanho, a Humanidade nunca poderia recuar.