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Edifício da creche captado por um repórter da imprensa francesa
Foram as 28 horas mais aflitivas de sempre em Wasserbillig. Neji Bejaoui, zangado com a Justiça francesa, sequestrou 43 crianças numa creche. Aconteceu há 25 anos.
Era o dia 31 de Maio de 2000. Seria uma quarta-feira normal na creche de Wasserbillig, uma cidade discreta e tranquila no Luxemburgo. Tudo que aconteceu ali, naquele dia, foi tudo menos discreto e tranquilo.
Um homem entrou na creche com uma metralhadora, uma granada, uma faca e um depósito com combustível. Sequestrou 43 crianças e três educadoras de infância. 13 das crianças eram portuguesas.
Mais tarde soube-se que o seu nome era Neji Bejaoui. O sequestrador, de 39 anos e nascido na Tunísia, tinha desavenças com a Justiça de França – tinha ficado sem a custódia dos seus filhos e, para se vingar, atacou a creche onde os seus filhos andavam.
À noite, o raptor libertou oito crianças e exigiu um avião para a Líbia. A polícia apresentou um carro para o levar, mas Neji recusou; exigia um carro maior e exigia que quatro das crianças fossem com ele.
Não foi através de carros ou de aviões que a polícia acabou com aquela crise de reféns. Foi através da televisão, já no dia seguinte.
A entrevista que nunca aconteceu
Neji Bejaoui avisou a polícia que queria falar ao país, queria aparecer na televisão. A polícia e a equipa especializada aceitaram. O criminoso deu uma entrevista a uma rádio do Luxemburgo e de seguida iria dar uma entrevista à RTL, canal público de televisão do país.
Junto a uma das portas da creche, mas do lado de fora, foi colocada uma câmara de televisão – da RTL mesmo – e o raptor foi até lá para dar a entrevista.
Mas não havia entrevista nenhuma.
Era um esquema das autoridades para atrair Neji Bejaoui para o exterior. Mal saiu para a suposta entrevista, levou um tiro.
Morreu.
A “atracção fatal pela televisão” matou o sequestrador, como escrevia o Público na altura. Estava um atirador pronto, numa zona com ângulo apropriado para o disparo.
28 horas depois, a crise terminou.
Ninguém ficou ferido lá dentro. Crianças e educadoras de infância deixaram a creche, todas vivas, todas sem qualquer ferimento físico.
Durante aquelas 28 horas, as três educadoras de infância estiveram sempre a brincar com as crianças, através de jogos e brincadeiras.
E fez-se justiça na hora.
Acabei de ler um outro artigo em que diz que o sequestrador não morreu “Neji Bejaoui deixou a prisão de Schrassig em 2016, depois de lhe ser acordada liberdade condicional”