Reabilitação do Bolhão vai custar 20 milhões à Câmara do Porto mas ainda não tem prazos

Rui Ornelas / Flickr

Mercado do Bolhão, no Porto

A Câmara do Porto anunciou esta quarta-feira que vai requalificar o Mercado do Bolhão, no Porto, numa operação de 20 milhões de euros que permite aos atuais comerciantes regressarem e vai deixar o espaço “meses e meses” em obras.

Na apresentação feita no edifício, com uma plateia de convidados e comerciantes, o presidente da autarquia, Rui Moreira, pouco mais adiantou em relação a prazos, apontando apenas o lançamento do concurso da empreitada para “depois do verão” e garantindo não “atropelar qualquer data em função de conveniências políticas, eleitorais ou pessoais”.

Moreira não quis confirmar se tal implica ter o mercado em obras durante as próximas autárquicas, em 2017, mas garantiu que todos os comerciantes atualmente no mercado podem voltar quando este estiver dotado de aquecimento artificial para o inverno, de coberturas no piso inferior, acesso direto ao metro e cave técnica com acesso para cargas e descargas a partir da rua Alexandre Braga.

O autarca explicou que quer candidatar o projeto a fundos comunitários mas que a reabilitação avança independentemente disso e adiantou a intenção de arranjar mecenas para apoiar a animação do espaço, que vai manter a parte comercial e instalar restauração no piso superior, com entrada pela rua Fernandes Tomás, transferindo todo o mercado de frescos para o piso inferior.

“Os mecenas são para ajudar a pagar a animação e a sustentabilidade futura. Isso não quer dizer que não seja um investimento público. [A operação] custa pelo menos 20 milhões de euros que autarquia tem condições para suportar. Naturalmente, vamos concorrer a fundos. Era o que mais faltava que não houvesse financiamento comunitário para um projeto destes”, esclareceu Moreira, em declarações aos jornalistas.

E se um mecenas de um supermercado quisesse financiar o Bolhão e instalar-se no espaço? “Instalar um supermercado aqui? Não cabe”, respondeu o autarca.

Relativamente a prazos, Moreira insistiu em não adiantar nada, nem relativamente à altura em que os atuais comerciantes terão de abandonar o edifício para se deslocarem para um mercado transitório.

“O que posso garantir é que os comerciantes não terão um dia sem poderem vender“, afirmou.

Quanto à hipótese de as obras ainda estarem em curso nas próximas autárquicas, Moreira considerou que a questão “não é relevante”, até porque, como já fez nas eleições de 2013, não tenciona passar pelo Mercado.

“Não quero hoje comprometer-me com grandes datas, ou que a obra estará completa para que alguém aqui possa vir na próxima campanha eleitoral. Queremos que os comerciantes regressem depressa mas não atropelaremos qualquer data”, vincou.

Moreira esclareceu ainda ter sido em nome “do carinho” pelos comerciantes e “do respeito” pelo mercado que não entrou no espaço em campanha eleitoral.

“Terei sido, por ventura, o único candidato, em décadas, que cá não veio para distribuir beijinhos e autocolantes, prometendo o mundo e o seu contrário e garantindo que isso aconteceria já depois de amanhã”, destacou.

O autarca falava durante o discurso oficial de apresentação da “Projeto do Mercado do Bolhão“, que contou com a presença de todo o executivo, nomeadamente o vereador do Urbanismo, o arquiteto Manuel Correia Fernandes eleito pelo PS, que Moreira chegou a desautorizar durante a gestão deste processo, e Manuel Pizarro, primeiro vereador socialista com quem o independente assinou um acordo pós-eleitoral.

Na cerimónia estiveram ainda presentes os vereadores da maioria Manuel Sampaio Pimentel, Guilhermina Rego, Filipe Araújo e Cristina Pimentel, para além de alguns membros da Assembleia Municipal e de António Fonseca, o presidente da União de Freguesias do Centro Histórico eleito pela lista de Moreira a quem o movimento independente retirou recentemente a confiança política.

/Lusa

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