A Rússia está a ficar sem tanques

Oleg Petrasyuk / EPA-EFE

Há quase um ano que os russos não realizam ataque significativo com tanques. A versão oficial conta algo que os soldados não veem.

O exército russo está a ficar com muito menos tanques, aparentando um grave desequilíbrio entre as perdas de tanques e a capacidade do Kremlin de os substituir.

Apesar das afirmações de oficiais russos, incluindo Dmitriy Medvedev, que alegou um aumento quase oito vezes maior no fornecimento de tanques ao longo de três anos, relatos da linha da frente contam uma história diferente, destaca o Kyiv Post.

Os comentários de Medvedev durante a sua visita à fábrica de tanques em Uralvagonzavod destacaram os esforços da indústria de defesa russa para aumentar a produção.

No entanto, as experiências de combate contrastantes relatadas por soldados ucranianos retratam um exército russo hesitante em colocar tanques no combate, possivelmente devido à diminuição do stock.

É que o último ataque significativo de tanques russos ocorreu em abril de 2024 em Avdiivka, onde as forças ucranianas neutralizaram eficazmente quase 40 veículos blindados russos utilizando minas, artilharia e drones.

Agravando ainda mais a situação, na região estrategicamente crítica de Kursk, mercenários norte-coreanos enfrentaram sérios contratempos – não tinham apoio significativo de tanques russos.

Neste início de 2025, tornaram-se raros os ataques com múltiplos tanques pelas forças russas; e quase deixou de se ver tanques em zonas de combate chave como Pokrovsk, em Donetsk. A infantaria russa recorre frequentemente a veículos mais leves e menos protegidos.

Análises da WarSpotting indicam uma substancial redução nas perdas de tanques russos em comparação com o início do conflito, sugerindo não uma melhoria nas táticas de batalha, mas sim uma escassez de tanques disponíveis, sobretudo ao longo de 2024.

A perda de tanques tem sido impressionante, com estimativas que indicam que a Rússia perdeu pelo menos metade do seu inventário de tanques desde o início da guerra, variando entre 3.700 a até 9.700 tanques. O custo dessas perdas, tanto financeiro quanto estratégico, é imenso, com cada tanque avaliado entre 1 a 3 milhões de dólares.

Imagens de satélite revelam ainda mais a diminuição das reservas de tanques russos, com reduções significativas nas capacidades de armazenamento e reparação de tanques observadas em várias bases-chave (que no final do ano passado apareciam praticamente vazias).

Pesquisas do Defense Express e do Kyiv Post destacam a grave inadequação da produção de tanques russos em comparação com as perdas sofridas.

Ao longo de 2024, a indústria russa conseguiu produzir apenas 60 a 80 novos tanques e remodelar cerca de 200 modelos mais antigos, números muito abaixo do necessário para repor as perdas na linha da frente, especialmente durante fases de combate intenso.

Apesar desses desafios, alguns analistas sugerem que a decisão da Rússia em continuar o conflito pode superar a desvantagem numérica em tanques.

Embora os números sugiram uma situação difícil para as forças blindadas russas, a capacidade de reparar e reutilizar tanques danificados pode mitigar algumas das deficiências operacionais.

Analistas preveem que a contínua perda de tanques russos poderá levar a uma mudança fundamental na dinâmica do conflito na Ucrânia, limitando potencialmente a capacidade da Rússia de conduzir operações blindadas em larga escala e impondo tensões severas ao seu complexo militar-industrial.

ZAP //

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