Figuras de destaque do Partido Socialista pedem a Pedro Nuno Santos que apoie António José Seguro. Silêncio do PS começa a ser ensurdecedor.
Numa mensagem publicada de madrugada na sua página do Facebook, João Soares divulgou uma “declaração pessoal de interesses” sobre as eleições presidenciais de 2026: “Votarei em António José Seguro nas próximas eleições presidenciais. Se, como espero, ele, confirmando o que se afigura como certo a qualquer observador mesmo menos atento, decidir apresentar a sua candidatura”.
Quanto à posição a adotar pelo PS, o antigo presidente da Câmara Municipal de Lisboa entende que “poderá ser bom que os órgãos nacionais do PS possam debater a questão das eleições presidenciais”, desde logo na reunião da Comissão Nacional marcada para dia 8, “ouvindo direta e desejavelmente os eventuais candidatos, claro”.
“Também a Comissão Política Nacional a que pertenço, já agora, para aí poder exprimir a minha posição, que aliás já transmiti pessoalmente ao nosso secretário-geral. Mas, se houver mais de um socialista disposto a candidatar-se, penso que será incorreto e indesejável passar para umas dezenas de militantes decisões que na boa tradição republicana, socialista e laica devem ser do povo português”, acrescenta.
Segundo João Soares, António José Seguro, que foi secretário-geral do PS entre 2011 e 2014, “foi, e continua a ser, objeto de uma campanha de ‘bullying’ político, tentando diminuir e menosprezar por vezes de forma ignóbil as suas qualidades” por parte de “uma nomenklatura de vários quadrantes do PS”.
O antigo ministro da Cultura nomeia Augusto Santos Silva, ex-presidente da Assembleia da República, como “o mais histriónico e visível expoente” dessa campanha contra Seguro, feita “abaixo dos níveis mínimos de civilidade, dignidade e solidariedade” por “uma nomenklatura” que “não tolera que os privilégios políticos de que tem disposto sejam postos em causa”.
Com base nas sondagens, João Soares sustenta que Seguro “é hoje indiscutivelmente o melhor colocado na esquerda, e no centro esquerda, em termos de intenções de voto”, ainda sem ter “dado indicação expressa de que se candidata”.
O seu apoio a Seguro é justificado com “razões de respeito, confiança e amizade“, elogios ao seu “percurso pessoal político e cívico, desde a juventude até agora”, aos “valores do socialismo democrático” e ao modo como exerceu funções políticas e cívicas, no seu entender, com “provas de seriedade inquestionável”.
Do PS e do seu líder, Pedro Nuno Santos, tem-se ouvido apenas um silêncio que está a provocar muito barulho dentro do partido. Enquanto não há uma decisão unânime dos militantes, a cisão interna alarga-se sobre que candidato apoiar.
Até agora, António Vitorino parecia a escolha mais certa, apoiado por membros do partido pela sua experiência com polícia internacional, na Organização Mundial das Migrações.
Mas, agora, já chovem críticas contra o antigo ministro da Defesa do governo de Guterres.
Um “advogado lobista”
Uma das críticas mais duras vem da parte da também socialista Ana Gomes, que já foi candidata às presidenciais e também apoia a candidatura de Seguro.
“Eu não sou a favor do centrão dos interesses no meu partido, onde quer que seja no poder, e em particular em Belém. Obviamente tem que ser gente séria, gente credível, gente com experiência política, mas não espertalhaços que vão utilizar as instituições para outros desígnios que no fundo desacreditam e enfraquecem a democracia”, disse à SIC.
“António Vitorino tem muita esperteza e até sentido de humor. Também tem um background, um passado de advogado lobista, digamos, o que levou a que, por exemplo, o chefe da casa civil de Mário Soares, o Dr. Alfredo Barroso, tivesse um dia dito que isso seria ter um lobista de negócios em Belém. Ele próprio também disse que era uma espécie de equivalente do Daniel Proença de Carvalho, do PS”, disse ainda, citada pelo Público.
ZAP // Lusa