“Passado lobista” e “bullying” do PS a Seguro. Há socialistas que não gostam (nada) de Vitorino

16

Figuras de destaque do Partido Socialista pedem a Pedro Nuno Santos que apoie António José Seguro. Silêncio do PS começa a ser ensurdecedor.

Numa mensagem publicada de madrugada na sua página do Facebook, João Soares divulgou uma “declaração pessoal de interesses” sobre as eleições presidenciais de 2026: “Votarei em António José Seguro nas próximas eleições presidenciais. Se, como espero, ele, confirmando o que se afigura como certo a qualquer observador mesmo menos atento, decidir apresentar a sua candidatura”.

Quanto à posição a adotar pelo PS, o antigo presidente da Câmara Municipal de Lisboa entende que “poderá ser bom que os órgãos nacionais do PS possam debater a questão das eleições presidenciais”, desde logo na reunião da Comissão Nacional marcada para dia 8, “ouvindo direta e desejavelmente os eventuais candidatos, claro”.

“Também a Comissão Política Nacional a que pertenço, já agora, para aí poder exprimir a minha posição, que aliás já transmiti pessoalmente ao nosso secretário-geral. Mas, se houver mais de um socialista disposto a candidatar-se, penso que será incorreto e indesejável passar para umas dezenas de militantes decisões que na boa tradição republicana, socialista e laica devem ser do povo português”, acrescenta.

Segundo João Soares, António José Seguro, que foi secretário-geral do PS entre 2011 e 2014, “foi, e continua a ser, objeto de uma campanha de ‘bullying’ político, tentando diminuir e menosprezar por vezes de forma ignóbil as suas qualidades” por parte de “uma nomenklatura de vários quadrantes do PS”.

O antigo ministro da Cultura nomeia Augusto Santos Silva, ex-presidente da Assembleia da República, como “o mais histriónico e visível expoente” dessa campanha contra Seguro, feita “abaixo dos níveis mínimos de civilidade, dignidade e solidariedade” por “uma nomenklatura” que “não tolera que os privilégios políticos de que tem disposto sejam postos em causa”.

Com base nas sondagens, João Soares sustenta que Seguro “é hoje indiscutivelmente o melhor colocado na esquerda, e no centro esquerda, em termos de intenções de voto”, ainda sem ter “dado indicação expressa de que se candidata”.

O seu apoio a Seguro é justificado com “razões de respeito, confiança e amizade“, elogios ao seu “percurso pessoal político e cívico, desde a juventude até agora”, aos “valores do socialismo democrático” e ao modo como exerceu funções políticas e cívicas, no seu entender, com “provas de seriedade inquestionável”.

Do PS e do seu líder, Pedro Nuno Santos, tem-se ouvido apenas um silêncio que está a provocar muito barulho dentro do partido. Enquanto não há uma decisão unânime dos militantes, a cisão interna alarga-se sobre que candidato apoiar.

Até agora, António Vitorino parecia a escolha mais certa, apoiado por membros do partido pela sua experiência com polícia internacional, na Organização Mundial das Migrações.

Mas, agora, já chovem críticas contra o antigo ministro da Defesa do governo de Guterres.

Um “advogado lobista”

Uma das críticas mais duras vem da parte da também socialista Ana Gomes, que já foi candidata às presidenciais e também apoia a candidatura de Seguro.

“Eu não sou a favor do centrão dos interesses no meu partido, onde quer que seja no poder, e em particular em Belém. Obviamente tem que ser gente séria, gente credível, gente com experiência política, mas não espertalhaços que vão utilizar as instituições para outros desígnios que no fundo desacreditam e enfraquecem a democracia”, disse à SIC.

“António Vitorino tem muita esperteza e até sentido de humor. Também tem um background, um passado de advogado lobista, digamos, o que levou a que, por exemplo, o chefe da casa civil de Mário Soares, o Dr. Alfredo Barroso, tivesse um dia dito que isso seria ter um lobista de negócios em Belém. Ele próprio também disse que era uma espécie de equivalente do Daniel Proença de Carvalho, do PS”, disse ainda.

ZAP // Lusa

16 Comments

  1. Gosto de ditos populares.
    Então aí vai:
    “Da discussão nasce a luz”
    “Até ao lavar dos cestos é vindima”
    “A quem tudo quer saber, nada se diz”.
    e ainda:
    “O calado é o melhor”
    Faz muito bem Pedro Nuno Santos!
    Deixá-los falalos, que eles calarão-se-ão.
    “A seu tempo, as coisas acontecem”
    “Atrás dos tempos vêm tempos, e outros tempos hão-de vir”

    3
    5
  2. O PS perde, sempre que se posiciona do lado do “nim”, da cor macilenta das paredes. Quem não se define e se coloca confortavelmente ao centro, de bem com Deus e com o diabo, acaba morto pelos dois.
    Para fazerem escolhas dessas, façam como antes. Apoiem os laranjas, quiçá ainda vos toca sumo azedo que vos convenha, como aconteceu com António Costa.
    Seria uma tristeza, com tantos elementos de grande valor e competência a militarem no PS.
    MULHERES, porque não?
    Fizeram uma ótima escolha para Lisboa…

    2
    3
    • Para Lisboa, a candidata “monte de sebo” já está derrotada e por muitos. Só se é para a arrumar , assim como a Abrunhosa, para Coimbra. Coitado do PS, está irreconhecível.

  3. Ao que o PS chegou! Gravita uma cambada de radicais e “paraquedistas” inocentes. Onde está a gente decente ou com algum saber, entre as hostes socialistas? Já morreram?

  4. João Soares é pelo radical secretário geral, mas aqui, como camaleão que semore foi ,é pelo José Seguro, o tal tal que foi esbofeteado pelos socialistas quando Costa lhe arrebatou o cargo.

    3
    1
  5. O PS só tem uma saída. Ser o Pedro Nuno Santos a candidatar-se. Assim quer o PS, quer o país, ficam a perceber o real peso político do secretário geral socialista

    • Seria uma forma diplomática de o arrumar de vez. O pai ( que é BE) está à espera que ele regresse à firma em S. João da Madeira. Politicamente anda a arrastar-se. Está quase morto.

  6. Resumindo: o PS continua a travessia do deserto. E, até mesmo, ter um radical como líder, evidencia esse ambiente desolado, esse momento difícil dos socialistas. Vocês vão ver o que vai dar esta questão do candidadto socialista às presidenciais. Vai ser uma confusão xuxa digna de se ver.

  7. A esquerda, ultimamente, tem aproveitado tudo o que pode para questionar a integridade do governo de Luís Montenegro, e dos outros partidos de Direita. Tenho em crer que, se calhar, até “fabricam” algumas notícias, para criar alguma diversão, já que não querem reduzir-se à sua própria insignificância política.

Deixe o seu comentário

Your email address will not be published.