FNAM acusa ULS e ministério da Saúde de “inércia” e garante que a situação agrava as dificuldades na fixação de médicos. Ordem diz que hospital perdeu capacidade formativa, mais de 1000 consultas foram canceladas ou adiadas.
10 cirurgiões do hospital Amadora-Sintra apresentaram a sua demissão na sequência de uma “situação de assédio laboral por parte de dois médicos do serviço” levou ao despedimento de 10 cirurgiões.
O comunicado foi publicado esta quarta feira pela Federação Nacional dos Médicos (FNAM) e garante que “esta saída agrava as dificuldades na fixação de médicos cirurgiões, tornando ainda mais difícil qualquer tentativa de reconstruir a equipa de cirurgia”.
O sindicato refere-se à crise que se vem prolongando desde o ano passado, quando outros 10 médicos abandonaram o serviço após o regresso de dois médicos que denunciaram más práticas no serviço em 2023.
Os dois médicos foram entretanto suspensos da unidade por terem obtido indevidamente acesso a processos clínicos e dados dos doentes.
“Mais de mil consultas foram canceladas, sem previsão de nova data, afetando também o acompanhamento de doentes oncológicos”, refere ainda a FNAM.
O sindicato acusa ainda o conselho de administração da unidade local de saúde (ULS) e o próprio Ministério da Saúde de “inércia” que se revelou ” fatal para a manutenção de um serviço fundamental, privando a população destes dois concelhos do acesso a cuidados cirúrgicos.”
A FNAM “exige uma resposta imediata e concreta” da ministra Ana Paula Martins.
“A FNAM condena firmemente o assédio laboral praticado por dois médicos, um deles antigo diretor de serviço, que gerou um ambiente de instabilidade e limitou o exercício profissional de toda uma equipa”, lê-se ainda no texto.
Na semana passada, a Ordem dos Médicos declarou que o Amadora-Sintra ficou sem condições para garantir a formação de dez médicos internos, recorda o Público, coisa que a direção do hospital negou, afirmando que mantém capacidade formativa e recordando que contratou recentemente 12 médicos para o serviço de urgência.