Amadora-Sintra quer despedir médicos que acusaram colegas de más práticas

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Os dois profissionais alegavam ainda que a “denúncia não se centra num médico em particular, mas sim numa situação sistémica”.

A administração do Hospital Fernando Fonseca iniciou procedimentos disciplinares com o objetivo de despedir com justa causa o antigo diretor do serviço de urgência geral depois de este ter denunciado alegadas más práticas médicas generalizadas naquele serviço.

Um outro cirurgião, acusado de colaborar com o primeiro, também está a ser alvo de processo.

De acordo com o jornal Público, os dois profissionais foram notificados na terça-feira e estão suspensos desde então.

A partir de agora, têm dez dias para apresentar a sua defesa. Do lado do conselho de administração, argumenta-se que os dois profissionais terão agido de forma concertada para apresentar um conjunto de denúncias de má prática e violação das leges artis (boas práticas, segundo o atual conhecimento científico). No entanto, a maioria das acusações acabaria por se revelar infundadas.

A conclusão consta das perícias efetuadas pelo colégio da especialidade de cirurgia geral da Ordem dos Médicos (OM). Os médicos são ainda suspeitos de terem violado os dados de saúde protegidos pelo Regulamento Geral sobre a Proteção de Dados (RGPD) e de terem consultado processos clínicos de doentes sem autorização ou finalidade médica.

As denúncias foram divulgadas a 13 de janeiro pelo jornal Expresso, com referência a 22 doentes que teriam morrido ou ficaram “mutilados“. Um dos cirurgiões dizia ser seu “dever ético, profissional, pessoal, de cidadania, alertar” para a existência de “situações de prejuízo de vida e qualidade de vida graves, com mortalidade e mutilações desnecessárias, evitáveis“.

Os dois profissionais alegavam ainda que a “denúncia não se centra num médico em particular, mas sim numa situação sistémica“.

Após os resultados da primeira perícia da Ordem dos Médicos, a maioria dos cirurgiões do serviço ameaçou demitir-se em bloco, caso os denunciantes não fossem afastados do hospital.

Tal como lembra o jornal Público, a antigo diretor do serviço de cirurgia do hospital Amadora-Sintra desempenhou o cargo durante 13 anos, até ser alvo de queixas de assédio laboral, as quais motivaram um procedimento disciplinar, que acabou arquivado por falta de provas. Em fevereiro, apresentou a sua demissão, apesar de continuar a trabalhar no serviço.

ZAP //

4 Comments

  1. Era só o que faltava. Quem cala é cúmplice dos crimes, não sabiam? e respondem como eles pois se soubessem deveriam ter denunciado, então em que ficamos?

  2. Outro 25 abril e varrer o lixo que contamina este pais que esta infetado de gangrène malignes podres e de mau cheiro, quero mais salazar

  3. Eu sei que é muito difícil, se não quase impossível, conseguir provar que um médico executou uma má prática.
    Assim como, também estou convicta que é necessária muita coragem para um colega de “profissão” fazer uma denúncia dessas mesmas más práticas.
    Neste caso em apreço, a administração do HFF, deveria chamar os familiares responsáveis cuja identificação e assinatura constam nos termos de autorização necessários para a realização dos atos médicos de cada doente que tenha sido identificado na denúncia efetuada e aferir junto desses familiares se as referidas denúncias têm algum fundamento.
    Mas como a culpa de algo, morre sempre solteira, é nitidamente mais fácil, arranjar “bodes expiatórios”, instruir um processo disciplinar e promover o despedimento argumentando a “justa causa”.
    No nosso país, quem denúncia as injustiças é na grande maioria das vezes o injustiçado e mais não digo!

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