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Morreu em Coimbra menina violada em São Tomé. Chegou com um “falso médico”

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Uma adolescente de 16 anos que foi violada e deixada em estado vegetativo em São Tomé e Príncipe, morreu nesta quinta-feira, no Hospital Pediátrico de Coimbra, onde chegou acompanhada por um suposto médico que estará envolvido num esquema de transporte internacional de doentes.

A menina esteve internada durante cerca de duas semanas na unidade de pediatria do Hospital de Coimbra, depois de ter estado em coma, por mais de um mês, em São Tomé e Príncipe.

Elisabete, o nome por que é identificada a menor na imprensa de São Tomé e Príncipe, chegou à unidade acompanhada de um alegado “falso médico”, mas devido ao seu “estado clínico muito frágil”, foi admitida no Hospital de Coimbra, no dia 30 de Dezembro passado, adianta o Correio da Manhã (CM).

A criança seguiu de ambulância para o Serviço de Urgência do Hospital Pediátrico de Coimbra mal aterrou em Lisboa.

Sofreu paralisia cerebral após violação

Elisabete foi alvo de uma agressão brutal quando foi violada na sua própria casa, onde estava sozinha, na vila de Pantufo, perto da cidade de São Tomé.

Terá sido agredida e violada por vários homens que usaram fita-cola para lhe amarrar as mãos e os pés, e para lhe tapar a boca e o nariz, o que a impediu de respirar durante bastante tempo.

Quando a mãe chegou a casa e a encontrou, já era demasiado tarde. A falta de oxigenação levou a uma paralisia cerebral.

Os agressores da adolescente ainda não foram identificados pelas autoridades de São Tomé e Príncipe.

A criança esteve em coma num hospital em São Tomé e Príncipe, mas acabou por ser enviada para casa quando os médicos concluíram que a sua situação era irreversível.

Uma Junta Médica terá rejeitado a possibilidade de ser encaminhada para Portugal por vias legais, para fazer cá algum tratamento, por se considerar que não havia nada a fazer.

O caso gerou uma onda de solidariedade no país, o que levou à angariação de cerca de 10 mil euros para permitir à mãe viajar com a filha para Portugal.

“Indícios de esquema de mobilidade internacional irregular”

Quando chegou ao Hospital Pediátrico de Coimbra, acompanhada pela mãe e pelo alegado falso médico que é apresentado como Wilson Pereira, a PSP foi chamada à unidade.

Wilson Pereira ter-se-á apresentado como médico com especialidade em cirurgia cardiotorácica, como refere o Jornal de Notícias.

Mas os profissionais do hospital de Coimbra detectaram que Wilson Pereira já teria estado envolvido no transporte internacional de outros doentes estrangeiros para Portugal.

Assim, foi chamada a PSP perante “indícios de reincidência na sua apresentação como médico na ULS de Coimbra e de envolvimento num eventual esquema de mobilidade internacional irregular“, justifica o Hospital em comunicado.

“Já sabia que a evacuação era ilegal”

O alegado falso médico apresenta-se num perfil do Facebook, como estudante da Faculdade de Medicina (UFMG), notando que foi estudante da Universidade de Coimbra, e indicando que vive nesta cidade portuguesa.

Wilson Pereira partilhou diversas informações sobre o estado de saúde de Elisabete, e inclusive a sua morte, e relatou também a forma como se deu a sua chegada ao Hospital de Coimbra, notando que “inicialmente rejeitaram” o internamento da adolescente.

Mas acabaram por aceitá-la depois de Wilson Pereira bater com “a mão na mesa” e de os ter “ameaçado” com um processo no Tribunal Europeu dos Direitos Humanos, conta ainda.

Confessa também que “sabia que iria ser detido” à chegada a Portugal – ele não foi detido, mas identificado pela PSP – e que “já sabia que a evacuação era ilegal”.

Mas, mesmo assim, diz que avançou para que a jovem “tivesse um tratamento mais especializado”. “Ela merece, depois de ser barbaramente violentada”, escreveu no passado dia 30 de Dezembro, precisamente o dia em que foi identificado pelas autoridades portuguesas.

Wilson Pereira dizia ainda que foi “muito bem tratado pela PSP” e que os agentes até manifestaram “orgulho” pelo seu gesto perante o estado “lastimável” em que a menina se encontrava.

A 7 de Janeiro passado, Wilson Pereira também revelava que a menina estava a ser tratada a uma “infecção relacionada com a colocação da PEG (gastrectomia endoscópica percutânea) que resultou de complicação de sonda nasogástrica permanente”.

Dizia ainda que a criança já tinha conseguido “um quarto” no hospital, e que o irmão e a irmã já a tinham podido visitar. Revelava também que a irmã se tinha mudado para Coimbra “para dar apoio à mãe que sentia-se um pouco triste e sozinha”.

Quanto aos rumores de ser um falso médico, falava em especulação e em “aproveitamento de uma situação menos boa com o objectivo de ganhar protagonismo e/ou audiência”.

Wilson Pereira também sublinhava que tinha sido contactado por ” jornalistas e donos de alguns canais”, notando que só aceitaria conversar com eles em tribunal, “depois do processo de indemnização devidamente instaurado”.

“Quando achar conveniente, eu mesmo irei dar uma entrevista num canal público esclarecendo o sucedido”, prometia também.

ZAP //

1 Comment

  1. Realmente, num caso deste, o facto dele ser falso médico ou veterinário ou astronauta, faz uma diferença dos diabos. Realmente é quase vergonhoso que uma atitude pró-vida seja posta em causa pela regularidade legal. Pena é que as autoridades de São Tomé não se sentissem menores e pedissem ajuda à nossa PJ para encontrar quem fez o crime… Talvez fosse mais proveitoso esse esforço do que estar a apontar o dedo a quem tentou (ou ajudou a tentar) salvar a menina.

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