O governador do Banco de Portugal liderava as sondagens sobre hipotéticos candidatos do Partido Socialista. No entanto, o seu foco está num segundo mandato no BdP.
O governador do Banco de Portugal, Mário Centeno, disse esta noite que não vai ser candidato à Presidência da República nas próximas eleições, explicando que esta foi uma “decisão pessoal e muito amadurecida“.
Na Grande Entrevista, transmitida esta noite na RTP3, Mário Centeno foi questionado sobre uma eventual candidatura às eleições presidenciais do próximo ano, que vão escolher o sucessor de Marcelo Rebelo de Sousa no cargo de Presidente da República.
“Hoje o momento está mais amadurecido. Não vou ser candidato à Presidência da República, não vou apresentar nenhuma candidatura à Presidência da República, não está no meu horizonte que isso aconteça”, respondeu.
O governador do Banco de Portugal enfatizou que esta decisão de não se candidatar “não tem nenhuma dimensão política” e, quando questionado se a tinha comunicado ao líder do PS, Pedro Nuno Santos, respondeu que a tinha transmitido “a um conjunto de pessoas” com quem tem falado sobre o tema para que elas não ficassem a saber por esta entrevista.
Centeno insistiu por diversas vezes que era uma decisão “individual e pessoal”, reiterando que esta possibilidade de concorrer às presidenciais do próximo não foi algo que tivesse procurado, mas uma vez chegada essa hipótese “havia que tomar essa decisão”.
Segundo o antigo ministro das Finanças esta decisão foi tomada dentro do seu círculo pessoal e da sua família, tendo em conta a visão “pessoal e profissional” que tem de si mesmo e daquilo que quer fazer no futuro.
“O meu foco é completar o meu mandato, há um segundo mandato, nunca desempenhei as minhas funções para passar com 10”,acrescentou.
O ex-ministro das Finanças do Governos PS (de António Costa) acrescentou que sabe que essa decisão não está nas suas mãos mas nas do Governo (PSD/CDS-PP, de Luís Montenegro).
Questionado sobre a sua independência, Centeno garantiu que é independente enquanto governador e que essa independência “é muito fácil de avaliar”.
A independência “não é um estado de espírito”, mas “a capacidade técnica de afirmar e de analisar de forma autónoma, consciente e rigorosa” as decisões a tomar.
Sobre as presidenciais, foi claro: “Neste momento sou governador do Banco de Portugal, tenho vários cargos a nível europeu. (…) Tenho tido uma voz muito ativa e presente em termos europeus na questão da inflação e das taxas de juro e de uma visão gradualista e que possa ser transmitida às pessoas. Esse é o meu foco“, apontou.
Centeno deixou ainda críticas a quem sugeriu que as suas idas como governador do Banco de Portugal a escolas fariam parte já de uma eventual campanha presidencial.
“Sabe quantas pessoas votariam naquelas salas?”, questionou.
Em entrevista dada à TVI/CNN no início do mês de outubro de 2024, o líder do PS, Pedro Nuno Santos, considerou que o governador do Banco de Portugal, Mário Centeno, seria um “bom candidato” a Presidente da República, mas que António José Seguro, António Vitorino ou Ana Gomes também são outros bons nomes.
Em 25 de novembro do ano passado, na conferência que assinala o terceiro ano da CNN Portugal, Mário Centeno tinha sido questionado sobre uma eventual corrida a Belém.
“Mudanças acontecem. Algumas vezes não são esperadas, outras vezes não são esperadas. Mudanças aconteceram na minha vida nos últimos 10 anos. Algumas delas foram inesperadas. Eu não temo a mudança“, respondeu então.
Em novembro do ano passado, o antigo líder do PS António José Seguro disse que estava a ponderar uma candidatura às próximas presidenciais.
Nas sondagens apresentadas pelo JN, que consideram potenciais candidatos à presidência da República, Mário Centeno era o possível candidato mais forte do PS, cujo nome surgia logo após o do Almirante Gouveia e Melo (que liderou até agora as previsões de intenção de voto dos portugueses).
Centeno podia, de acordo com as sondagens do Barómetro, contar com 43% dos votos dos portugueses, acima de outros potenciais candidatos socialistas como António Vitorino, com 33%, António José Seguro, com 30% ou Ana Gomes, com 27% de potenciais votos.
Pedro Nuno Santos tem respondido que este ainda não é o momento da decisão do candidato presidencial a apoiar pelo PS, mas sim de aparecerem os nomes que estão interessados.
A semana passada, o antigo presidente da Assembleia da República Eduardo Ferro Rodrigues defendeu que o PS deveria fazer umas primárias abertas para escolher o seu candidato.
ZAP // Lusa
Mário Centeno já percebeu que o atual Governo não apoiará a renovação do seu mandato de Governador no Banco de Portugal e portanto não vale a pena fazer tabu com a pretensa intenção de se candidatar a Presidente da República, que nunca teve.
A pretensa intenção de concorrer a Presidente da República era uma manobra de diversão, para ver se o atual Governo estava na disposição de lhe propor a renovação do mandato como Governador do Banco de Portugal.
De facto é mais aliciante ser Governador do Banco de Portugal, porque tem uma remuneração bem choruda, bem maior que a do Presidente da República, e por isso gostaria de continuar.
Este indivíduo, apelidado de “o comunista de Vila Real de Santo António”, não tinha hipóteses nenhuma como candidato à presidência da República. E no banco de Portugal, para cuja governação foi de forma quase ilegal, também apenas concluirá o mandato em curso. Ficará na história política como aquele que desviava milhões dos Min istérios, através das famosas cativações.