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Morreu o Nobel da Literatura Günter Grass

Antonisse, Marcel / Anefo / Wikimedia

O escritor Günter Grass, Nobel da Literatura em 1999

O escritor Günter Grass, Nobel da Literatura em 1999

O escritor alemão Günter Grass, Prémio Nobel da Literatura em 1999, morreu hoje aos 87 anos numa clínica de Lübeck, anunciou a editora do autor.

O escritor, poeta, dramaturgo e artista plástico, nascido em Danzig, a 18 de outubro de 1927, faleceu hoje de manhã, segundo escreveu a editora Steidl na sua conta do Twitter.

“O Prémio Nobel da Literatura Günter Grass morreu esta manhã aos 87 anos numa clínica de Lübeck”, na Alemanha, indicou a Steidl.

Günter Grass, cuja vida ficou marcada por várias polémicas sobre o passado na Alemanha, era o escritor alemão da segunda metade do século XX mais conhecido no estrangeiro.

Nascido a 16 de outubro de 1927, na antiga Danzig – tornada Gdansk na atual Polónia, onde detém o título de cidadão honorário – estudou na cidade natal até aos 16 anos, tendo-se alistado na juventude hitleriana.

Ferido e detido em 1945 na Checoslováquia, foi libertado no ano seguinte e voltou ao estudo das artes, instalando-se em Paris como escultor e escritor e, em 1956, publicou o primeiro livro, “O Tambor“, que obteve sucesso mundial.

O livro seria adaptado ao cinema pelo realizador Volker Schloendorff, que recebeu uma Palma de Ouro em Cannes e o óscar de Melhor Filme Estrangeiro.

Neste livro e noutros, Günter Grass confrontou a Alemanha com o seu passado nazi, dizem os críticos, levado pela própria má consciência, que viria a ser assumida no livro auto-biográfico “O Descascar da Cebola” – lançado em 2006, e editado em Portugal no ano seguinte – quando revelou ter pertencido às Waffen SS, a tropa de elite de Hitler, aos 17 anos, alistado à força.

Esta militância viria a tornar-se uma das polémicas da sua vida, embora o autor tenha reiterado que se tinha fascinado, como muitos jovens, pelos submarinos, e não pelas forças de elite.

Na Alemanha, depois da guerra, associou-se politicamente aos escritores antifascistas do “Grupo 47” e ao social-democrata Willy Brandt, e mais tarde ao chanceler Gerhard Schroeder, aos ecologistas, e contra o presidente norte-americano George W. Bush.

Pai de quatro filhos, vivia em Lübeck, e escreveu cerca de trinta obras ao longo da carreira, a partir dos anos 1950, quando se dedicou à literatura, desde romances, poemas, peças de teatro, entre eles, “O Cão de Hitler” (editado em Portugal em 1966), “O Gato e o Rato” (1968), “O Linguado” (1977), “Em Viagem de uma Alemanha à outra” (1990).

Em 2012 a sua vida ficou marcada por outra polémica, depois de ter criticado Israel publicando um poema, acusando o país de “ameaçar a paz mundial”, e o Estado israelita declarou-o então persona non grata.

Entre outros, recebeu, em 1993, o Prémio Georg Büchner, e em 1999 foi galardoado com o Prémio Nobel da Literatura, tendo a Academia sueca sublinhado que as “divertidas e negras fábulas de Grass retratavam uma face esquecida da História”.

Günter Grass tinha uma casa no Algarve, e frequentava o Centro Cultural de São Lourenço, em Almancil, onde chegou a expor algumas obras na área das artes plásticas, como as aguarelas que acompanharam o livro “O Meu Século”.

/Lusa

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