O dono da Meta tinha sido criticado por Trump ao longo da campanha. Agora, os dois magnatas estão a fazer as pazes, e até festejaram juntos o Dia de Ação de Graças. A esmola é grande, mas quando não há pobres, quem é que desconfia?
A CNN tinha já noticiado que Mark Zuckerberg está a tentar obter um papel mais ativo na nova administração Trump, o que poderá envolver a definição de novas políticas tecnológicas.
Esta é uma grande reviravolta ao recuarmos quatro anos, quando a empresa Meta baniu Donald Trump das suas plataformas após a invasão ao Capitólio, a 6 de janeiro de 2021.
E, como recorda a Fortune, há apenas alguns meses, Donald Trump ameaçava mandar Mark Zuckerberg, o diretor executivo da Meta, para a prisão “para toda a vida” se interferisse nas eleições, algo que suspeitava que o magnata das tecnologias fizesse.
No seu livro “Save America”, Trump escreveu que Zuckerberg “levava a sua simpática mulher a jantares, era tão simpático como qualquer pessoa poderia ser, enquanto conspirava sempre para instalar vergonhosas Lock Boxes (caixas de segurança) numa verdadeira conspiração contra o presidente“.
A menção a “Lock Boxes”, aponta a Fortune, parece referir-se a um donativo de 420 milhões de dólares que a instituição de caridade de Zuckerberg fez para financiar infra-estruturas eleitorais em 2020.
Trump chegou mesmo a classificar Mark Zuckerberg como “inimigo do povo” — nesse dia, as ações da bolsa da empresa Meta caíram 4%.
Quando os resultados eleitorais deram a vitória ao republicano, a riqueza de Zuckerberg decaiu também, ao contrário do estatuto de outros super-ricos da tecnologia, como Tim Cook, da Apple, Sundar Pichai, da Google, e Andy Jassy, da Amazon, que foram prestando apoio a Trump ao longo da campanha.
O dono da empresa detentora do Facebook, Instagram e Whatsapp tem vindo, no entanto, a consolidar as suas relações. Ainda durante a campanha, o multi-milionário assumiu que “foi duro” ver Trump sofrer um ataque armado.
Mais tarde, quando Trump foi eleito, o empresário felicitou pela sua campanha bem sucedida para ganhar a Casa Branca, escrevendo na sua aplicação Threads: “Parabéns ao Presidente Trump por uma vitória decisiva. Temos grandes oportunidades à nossa frente como país. Estou ansioso por trabalhar consigo e com a sua administração”.
E parece que vão mesmo trabalhar juntos. A Fortune noticia que os magnatas chegaram mesmo a celebrar juntos o Thanksgiving Day (Dia da Ação de Graças), com um jantar antes do feriado.
Agora, a Meta vai mesmo doar 1 milhão de dólares (quase um milhão de euros) para o fundo inaugural de Trump, que este utilizará no dia da tomada de posse., em janeiro.
Como explica o The Wall Street Journal, a contribuição e os esforços para “cortejar” a próxima administração são símbolos do ato de equilíbrio para os CEOs da tecnologia, cujas empresas têm sido frequentemente alvo da ira de Trump e de outros republicanos e cujas forças de trabalho tendem a inclinar-se fortemente para a esquerda.
Resta saber o que mais preparam os “amigos improváveis” para o futuro dos EUA.