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Maior gangue do Brasil suspeito de investir no futebol português para lavar dinheiro

Jaime Reina / AFP

A transferência de Éder Militão do FC Porto para o Real Madrid está a ser investigada

O empresário Ulisses Jorge, suspeito de gerir esquemas de lavagem de dinheiro do PCC, tentou investir em vários clubes portugueses e representou jogadores que passaram pelo futebol nacional.

Nos últimos meses, empresários ligados ao Primeiro Comando da Capital (PCC), uma das maiores organizações criminosas da América Latina, têm tentado adquirir participações em clubes portugueses.

De acordo com o Público, o agente brasileiro Ulisses de Souza Jorge, apontado como intermediário em esquemas de lavagem de dinheiro do PCC, liderou negociações com clubes como Varzim, Vilaverdense, Felgueiras e Fafe.

O nome de Ulisses Jorge surgiu em investigações no Brasil, impulsionadas por uma delação premiada do empresário Antônio Vinicius Gritzbach, responsável por lavar dinheiro para o PCC.

Gritzbach forneceu provas que indicam a utilização de transferências de jogadores como mecanismo para branquear dinheiro e citou o envolvimento de agentes como Danilo Lima de Oliveira, conhecido como “Tripa”, que mantinha conexões com empresas de Ulisses Jorge. Entre as transações suspeitas está a transferência do jogador Emerson Royal para o Barcelona em 2021, por 14 milhões de euros.

A investigação no Brasil é liderada pelo promotor Lincoln Gakiya, que confirmou as alegações ao Público. Contudo, Gritzbach foi assassinado no início de novembro de 2024, após colaborar com a justiça.

Negociações com Varzim, Felgueiras e Fafe

Ulisses Jorge tentou entrar no capital do Varzim através da criação da SAD do clube, negociando diretamente com a antiga direção. O acordo inicial incluía um empréstimo de 650 mil euros e um investimento total de 4,5 milhões de euros. Os valores foram transferidos por diversas empresas ligadas ao empresário e parte do montante, cerca de 250 mil euros, foi entregue em numerário, violando a lei portuguesa.

No entanto, as negociações no Varzim caíram depois de a assembleia geral que iria aprovar a criação da SAD ter sido cancelada devido a dúvidas sobre a transparência do processo. O acordo foi encerrado, mas o Varzim ainda deve 1,26 milhões de euros aos investidores.

Depois do insucesso no Varzim, os empresários voltaram-se para outros clubes. No caso do Felgueiras, ofereceram 2,5 milhões de euros pela maioria do capital da SAD, mas o acordo não avançou. Atualmente, operam no Fafe, embora ainda sem uma participação formal no clube.

Além de Ulisses Jorge, outro nome que aparece ligado às negociações é o de Christiano Lino de Menezes. Menezes esteve preso no Brasil, acusado de tráfico internacional de cocaína, mas foi libertado recentemente e mudou-se para Portugal.

O Público refere ainda que várias transferências de jogadores brasileiros para clubes portugueses têm sido usadas para lavar dinheiro oriundo do crime. A transferência de Éder Militão do FC Porto para o Real Madrid, por 50 milhões de euros, está a ser investigada, visto que Ulisses Jorge era o agente do jogador.

As autoridades portuguesas e brasileiras continuam a investigar as movimentações financeiras e as conexões com o PCC. No entanto, o silêncio dos dirigentes dos clubes envolvidos nas negociações dificulta o avanço das investigações.

Estas revelações surgem depois de a polícia de São Paulo ter emitido um alerta sobre a crescente aposta do PCC em Portugal como porta de entrada para a Europa. As autoridades paulistanas apontam que a operação do PCC em Portugal é facilitada pela ligação a traficantes locais, que atuam como “testas de ferro” em negócios legais controlados pela organização.

ZAP //

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