Autarquia diz ter sido ludibriada pelo grupo neonazi Reconquista, que, dizendo estar associado ao Chega, terá alugado o espaço sem revelar a sua verdadeira identidade. Grupo nega e diz ter “elencado todos os oradores” à AML.
No passado dia 2 de novembro, a sala da Assembleia Municipal de Lisboa (AML) foi palco de um evento promovido pelo grupo neonazi Reconquista, que reuniu assim cerca de 100 participantes ligados à extrema-direita na autarquia lisboeta.
Segundo as informações divulgadas pelo jornal Expresso esta quinta-feira, o grupo conseguiu alugar o espaço sem revelar a sua verdadeira identidade. Uma “senhora cujo nome não suscitou qualquer alerta” apresentou o pedido como sendo para uma “conferência sobre a relação entre modernidade e coletivismo e seus efeitos na sociedade”.
O grupo identificou-se como um “coletivo de jovens” associado ao partido Chega, disse ainda Rosário Farmhouse, presidente da AML, embora uma fonte deste último tenha negado qualquer envolvimento com o encontro, denominado II Congresso Reconquista.
A ausência de verificação permitiu a realização da reunião que, na prática, serviu para divulgar ideais extremistas.
Hitlerianos, KKK e um “caçador de migrantes”
O evento contou com militantes que seguem declaradamente a doutrina de Adolf Hitler, apurou o Expresso. Houve espaço para discursos de figuras de destaque no cenário da extrema-direita internacional, como Steve Laws, um britânico autointitulado “caçador de migrantes”, Dries Van Langenhove, uma figura de relevo na extrema-direita belga, e Keith Woods, um irlandês com ligações ao Ku Klux Klan.
Grupo diz ter revelado a sua identidade
O grupo Reconquista, fundado em junho de 2023 e liderado por Afonso Gonçalves e Alexandre Gazur, classifica-se como ultranacionalista, supremacista e nacionalista branco.
Articula-se frequentemente com o também nacionalista Grupo 1143 de Mário Machado e promove ativamente posições contra migrantes em Portugal, os direitos da comunidade LGBTQIA+ e iniciativas culturais inclusivas.
O grupo já abordou o caso, dizendo que as notícias sobre a reunião são falsas. Escreve no X que a reunião contou com muito mais do que uma centena de pessoas e que “não só revelou a identidade como elencou todos os oradores em emails trocados com a AM”.
Dizem não ser neonazis: a Reconquista “é uma organização nacionalista e tradicionalista; não neonazi”, escreve o grupo.