“Tempestade perfeita” ao contrário na banca. Dividendos chegam aos 2,9 mil milhões

António Cotrim / Lusa

Paulo Macedo, presidente da Comissão Executiva da Caixa Geral de Depósitos

O aumento dos lucros à boleia da subida das taxas de juro vai levar também a um aumento dos dividentos pagos aos acionistas dos bancos.

Os quatro principais bancos em Portugal — Caixa Geral de Depósitos (CGD), BCP, BPI e Santander Portugal — estão a prever um aumento significativo nos dividendos a distribuir em 2025, atingindo aproximadamente 2,9 mil milhões de euros, relativos aos lucros de 2024.

Este montante, calculado pelo Jornal de Negócios, é superior aos 2,4 mil milhões entregues em 2023 e reflete a melhoria dos resultados financeiros impulsionados pela subida das taxas de juro promovida pelo Banco Central Europeu para conter a inflação, o que aumentou a margem financeira das instituições.

Para calcular este valor, o Negócios considerou duas abordagens. Por um lado, CGD e BPI já indicaram que os dividendos distribuídos em 2025 serão semelhantes aos deste ano, mantendo o valor de 825 milhões de euros para a CGD e 517 milhões de euros para o BPI.

No caso do BPI, 65% dos lucros de Portugal e 100% das operações em Angola e Moçambique são distribuídos, seguindo a política do banco, enquanto a CGD aloca ao Estado português um valor próximo dos 825 milhões de euros, embora o Orçamento de Estado preveja um montante líquido inferior.

Para o BCP, estima-se um pagamento de 50% dos lucros, que poderá chegar a 470 milhões de euros, considerando um aumento de 9,7% nos resultados, num valor final próximo de 940 milhões de euros em 2024. O banco planeia ainda uma recompra de ações que poderá adicionar mais de 200 milhões de euros aos ganhos dos acionistas, totalizando cerca de 700 milhões.

O Santander Portugal, que apresentou um crescimento de lucros de 25,2% nos primeiros nove meses de 2024, prevê um resultado anual em torno de 1,3 mil milhões de euros. Com um “payout” estimado de 80%, a filial portuguesa pode entregar mais de mil milhões de euros à casa-mãe em Espanha.

Embora o montante absoluto a ser distribuído aos acionistas em 2025 seja superior ao do ano anterior, a proporção dos lucros destinada aos dividendos descerá de 66% para cerca de 62,4%, com os lucros combinados dos bancos a atingirem potencialmente 4,6 mil milhões de euros.

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