Montenegro quer reorganizar PSD e afastar Governo da direção

José Sena Goulão / Lusa

Luís Montenegro, presidente do PSD

O presidente do PSD, Luís Montenegro, abre este sábado o 42.º Congresso do partido – o primeiro numa década com os sociais-democratas no Governo. Tal já não acontecia desde o 35.º, em fevereiro de 2014, no tempo de Passos Coelho.

Com a questão do Orçamento do Estado para 2025 (OE2025) já resolvida, Luís Montenegro vira-se, no Congresso que arranca este sábado em Braga, para a reorganizar o PSD.

E essas remodelações poderão começar, precisamente, pela direção do partido. De acordo com o Público, o líder dos sociais-democratas pretende separar o Governo da direção.

Neste momento, quatro dos seis vice-presidentes do partido também são ministros: António Leitão Amaro (ministro da Presidência), Margarida Balseiro Lopes (ministra da Juventude), Miguel Pinto Luz (ministro das Infraestruturas) e Paulo Rangel (ministro dos Negócios Estrangeiros).

“O Governo não se deve confundir com o partido e o partido não se deve confundir com o Governo”, pode ler-se na página 4 da moção de estratégia global, que será apresentada este sábado.

Como escreve o Público, além dos quatro ministros, os restantes vice-presidentes são Inês Palma Ramalho, filha Maria do Rosário Ramalho (ministra do Trabalho), e o eurodeputado Paulo Cunha.

Tal como fez em março com os membros do Governo Luís Montenegro mantém sob secretismo os possíveis nomes para a vice-presidência do partido.

Outro dos dilemas deste congresso é a continuidade de Miguel Albuquerque como presidente da Mesa do Congresso.

O presidente do Governo Regional da Madeira enfrenta problemas com a Justiça, depois de, em janeiro, ter sido constituído arguido, num processo que envolve suspeitas de corrupção; e a sua saída do cargo não é um cenário improvável.

10 anos depois

O Congresso do PSD foi aberto por um primeiro-ministro. O último havia sido Pedro Passos Coelho, em fevereiro de 2014.

Talvez por isso, de acordo com informação do PSD, o Congresso de Braga será o mais participado da última década, contando com 903 delegados, 197 participantes, 950 observadores, 145 convidados e mais de 2.000 observadores inscritos.

O Congresso acontece dois dias depois de o PS ter anunciado que viabilizará pela abstenção o Orçamento do Estado para 2025.

Numa antecipação, o secretário-geral do PS, Pedro Nuno Santos, anunciou na quinta-feira à noite a proposta que levará à Comissão Política na segunda-feira de abstenção quer na generalidade, quer na votação final global do documento, apesar de dizer que parte para a fase da especialidade “com toda a liberdade”.

O Congresso seguirá com a votação de retificações estatutárias, depois de o Tribunal Constitucional ter “chumbado” a proposta de estatutos aprovada no último Congresso extraordinário do PSD em novembro, seguindo-se o período de discussão política, que deverá estender-se durante todo o dia.

Com a questão do Orçamento aparentemente resolvida, o debate deverá centrar-se mais na governação e nos desafios eleitorais do partido para os próximos anos: autárquicas no outono de 2025, que o líder já disse ter o objetivo de vencer, e presidenciais em janeiro de 2026, com passagem prevista por Braga de Luís Marques Mendes, um potencial candidato que Montenegro disse ser um dos que “encaixa melhor” no perfil que traçou para Belém.

Para domingo, está prevista a eleição dos órgãos Nacionais, por voto secreto, a proclamação de resultados e a sessão de encerramento, com novo discurso de Luís Montenegro, tradicionalmente mais virado para o país.

ZAP // Lusa

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