Pedro Nuno deu uma entrevista para dizer que nada tinha a dizer

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Pedro Nuno Santos evita jornalistas

Negociações com o Governo sem acordo, PS sem posição sobre o Orçamento, Montenegro sem críticas. “Mais valia nem ter falado”.

Um dia depois de Luís Montenegro ter aparecido na SIC para uma entrevista, Pedro Nuno Santos fez o mesmo na TVI/CNN.

O secretário-geral do PS confirmou o que já tinha sido avançado: socialistas e Governo não chegaram a acordo sobre o Orçamento do Estado.

Então como será a votação do PS? “Resta esperar pelo documento, avaliá-lo”, respondeu Pedro Nuno, que anunciou que vai apresentar uma proposta à Comissão Política Nacional “no momento certo”. A sua vontade “depende de conhecer o Orçamento”.

Pedro Nuno admitiu que, caso tivesse chegado a acordo com o Governo, estaria num “ponto diferente hoje”.

As divergências entre PS e Governo não são apenas sobre o IRC. “Podia ter anunciado 20 exigências”, avisou.

Mesmo assim, o PS está “disponível para viabilizar um Orçamento que não é seu”.

Pedro Nuno Santos reforçou que o PS “não quer eleições” e que “vai trabalhar para que sejam evitadas”. Mas “não ignora as eleições”.

O líder dos socialistas repetiu que o PS “não empurra o Governo para lado nenhum” – especialmente para o Chega. É “inaceitável” pensar que o sentido do voto do PS será definido “em função de André Ventura ou do Chega. Seria o pior serviço que se poderia fazer à democracia, ao país e ao PS”, analisou.

Para Pedro Nuno Santos, “a bipolarização política tem de ser entre PS e PSD e não entre Chega e PSD+PS”.

Pedro Nuno fez uma admissão pública: na comunicação, “o PSD é melhor do que o PS.

Mas apontou uma crítica à opinião pública: acha que Luís Montenegro tem escapado à crítica – disse mesmo que a entrevista à SIC no dia anterior foi “um passeio no parque”, durante a qual nem se percebeu “o que é que o primeiro-ministro pensa sobre economia”.

E acha que quase ninguém se queixou das polémicas palavras do primeiro-ministro sobre os auriculares dos jornalistas e as alegadas perguntas planeadas. “É de uma gravidade tal que não pode ter passado como acabou por passar ao longo do dia. Impressiona-me o grau de tolerância que este Governo tem”, apontou.

Em relação às eleições presidenciais, e questionado sobre a hipótese de o PS apoiar Mário Centeno, Pedro Nuno desviou-se: “É um bom candidato, mas temos muitos outros nomes que eu acho que são bons candidatos: Augusto Santos Silva também é um nome muito importante, António Vitorino, António José Seguro, Ana Gomes…”.

Mais valia não ter falado

Ou seja: discussões com o Governo, Orçamento, votação, Chega, presidenciais… Que novidade deu Pedro Nuno Santos?

Miguel Santos Carrapatoso avisou: “A esta altura do campeonato (véspera da entrega do Orçamento do Estado), dar uma entrevista em que se atropela em contradições, que não consegue mostrar um caminho claro, não argumenta com princípio, meio e fim…”.

Na rádio Observador, o comentador considerou que mais valia nem ter falado na noite passada: “Se Pedro Nuno Santos não tem nada de substancial para dizer ao país, então talvez não devesse ter dado aquela entrevista. Foi confrangedora, não se percebia qual era o ponto – e isso fragiliza, prejudica o PS“.

“A decisão de dar uma entrevista para dizer nada é absolutamente incompreensível. É um erro de comunicação básico”, apontou Miguel.

Paulo Ferreira acrescentou uma comparação com a tal entrevista do primeiro-ministro no dia anterior. Luís Montenegro tinha um “propósito claríssimo”: comunicar a posição do Governo sobre o Orçamento do Estado – e resolveu o assunto nos primeiros 5 minutos da conversa.

O objectivo de Pedro Nuno Santos era: “Eu vim aqui dizer que ainda não tenho nada para dizer”.

Nuno Teixeira da Silva, ZAP //

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