A COVID-19 pode proteger-nos… da gripe

Recuperar de covid pode reforçar a resposta do sistema imunitário a outras infeções virais, em especial a gripe mais severa, sugere novo estudo.

A infeção por COVID-19 pode aumentar a imunidade contra a gripe mais severa, sugere novo estudo, publicado na revista Immunity.

Recuperar do vírus pode reforçar a resposta do sistema imunitário a outras infeções virais, em especial a gripe, de acordo com os investigadores da Universidade Rockefeller e da Weill Cornell Medicine, que colaboraram para investigar se uma infeção anterior com SARS-CoV-2, o vírus que causa a COVID-19, poderia oferecer proteção contra um caso grave de gripe.

Afinal, macrófagos têm memória

As descobertas revelaram que a memória do sistema imunitário, particularmente nos macrófagos — células conhecidas pela sua resposta rápida e não específica às infeções — desempenha um papel fundamental nesta proteção.

Os macrófagos fazem parte do sistema imunitário inato do organismo, que constitui a primeira linha de defesa contra os agentes patogénicos. Pensava-se que estas células não tinham a capacidade de “recordar” infeções anteriores, um papel normalmente atribuído às células imunitárias adaptativas, como as células T.

No entanto, o estudo publicado no passado dia 30 de setembro revelou que, após a recuperação da COVID-19, os macrófagos sofrem alterações epigenéticas que lhes permitem montar uma resposta mais robusta quando se deparam com um novo vírus, como o da gripe A.

A conclusão desafia a visão tradicional de que a memória imunitária se restringe ao sistema imunitário adaptativo e expande a compreensão de como as células imunitárias inatas podem ser preparadas para responder mais eficazmente a várias ameaças virais.

Em experiências com ratos, os investigadores observaram que os animais que tinham recuperado da COVID-19 tinham menos probabilidades de sofrer sintomas graves de gripe, como perda de peso significativa e inflamação, e apresentavam um menor risco de morte em comparação com os que não tinham sido infetados anteriormente pela COVID-19.

O efeito protetor destes macrófagos sintonizados com a memória foi ainda mais evidente quando foram transferidos de ratos recuperados para não infetados, que apresentaram então sintomas de gripe mais ligeiros.

Se os cientistas conseguirem identificar os fatores específicos responsáveis pela criação desta memória imunitária inata, isso poderá conduzir a terapias que proporcionem uma ampla proteção contra múltiplos vírus.

No entanto, os investigadores lembram, em comunicado, que é necessária mais investigação para traduzir estes resultados em tratamentos práticos.

ZAP //

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