À semelhança dos seres humanos, os macacos conseguem entender os objetivos comunicativos por trás das ações dos seus companheiros.
A famosa primatologista e antropologista Jane Goodall observou, pela primeira vez, macacos a gesticular uns para os outros na década de 1960.
Desde esse marco, a comunidade científica tem debatido de que forma os grandes símios, como chimpanzés e gorilas, comunicam uns com os outros.
Como entendem para que servem as diferentes partes do seu corpo, os macacos conseguem selecionar certas partes para usar como gestos para fins comunicativos.
Se um bebé chimpanzé tiver os braços estendidos em direção às costas da mãe, por exemplo, a progenitora consegue entender que a cria quer ser carregada nos braços, uma vez que entende que as as costas são usadas para carregar os filhos.
Esta nova “visão de seleção” dos gestos dos grandes macacos destina-se a substituir duas visões historicamente influentes. Uma delas, a “perspetiva de Leipzig“, sugere que os macacos aprendem gestos através de interações repetidas e, por isso, existem diferenças entre os grupos.
Outra teoria, a “perspetiva de St. Andrews“, sustenta que esses gestos são universais em todos os grandes macacos, o que significa que não precisam ser aprendidos.
Agora, uma equipa liderada pelo investigador Richard Moore propôs uma nova perspetiva, que sugere que os macacos usam partes ou ações familiares do corpo para comunicarem uns com os outros.
Em vez de serem ensinados ou herdados, os gestos surgem naturalmente porque todos os grandes macacos têm corpos semelhantes e realizam atividades idênticas.
“Imaginem um chimpanzé a mostrar o ombro a outro para ser acariciado ou a fazer um movimento como se estivesse a acenar para que ele se aproxime. Não são gestos aleatórios: estes animais usam o que já sabem sobre os seus corpos para transmitir uma mensagem”, explicou Moore, em comunicado.
No entanto, ao contrário dos humanos, os macacos dependem muito de pistas físicas claras, como movimentos corporais ou gestos, para interpretar essas intenções.
“Esta nova teoria também nos dá uma nova perspetiva sobre como pode ter evoluído a linguagem humana. No estudo, identificamos uma ligação entre os gestos que os macacos usam e as primeiras formas de comunicação que podem ter evoluído para a nossa linguagem”, especificou o investigador.
Apesar das semelhanças, há uma diferença fulcral: ao contrário dos macacos, nós conseguimos transmitir ideias complexas sem a necessidade de pistas físicas tão óbvias.
O artigo científico foi publicado, recentemente, na Biological Reviews.