Rita Júdice esperou três dias para falar sobre Vale de Judeus, mas agora foi assertiva: “Erros muito graves e inaceitáveis”.
A fuga de cinco reclusos perigosos da prisão de Vale de Judeus foi no sábado de manhã, a ministra da Justiça só falou na terça-feira ao fim da tarde.
Porquê? Porque queria “dar espaço à investigação, não contribuindo para o ruído de fundo, que surge sempre nestes momentos”, justificou Rita Alarcão Júdice, em conferência de imprensa.
A ministra contou que recebeu, precisamente na terça-feira, o relatório da auditoria à actuação dos serviços de vigilância e segurança.
E não hesitou nas palavras: foi um momento de “gravidade extrema, que não podemos desculpar”, resultado “cadeia sucessiva de erros e falhas muito graves, grosseiras, inaceitáveis” – e que espera sejam “irrepetíveis”.
“Esta é a minha primeira conclusão: este episódio não traduz uma cultura de segurança e de exigência“, num sistema de controlo e vigilância de presos que tem “fragilidades”.
Ao olhar para o relatório, Rita Júdice viu “desleixo, facilidade, irresponsabilidade e falta de comando”.
“Também vimos decisões erradas ou ausência de decisões nos anos mais recentes”, acrescentou, embora mais tarde tenha destacado que preferia falar do futuro, não do passado.
Consequências: demissões de Rui Abrunhosa (director das prisões) e de Pedro Veiga Soares, subdirector-geral com o pelouro das prisões, ambas aceitas pela ministra. A subdirectora-geral Isabel Leitão passa a directora “em regime de substituição”.
Além disso, vão ser feitas duas auditorias: uma auditoria urgente aos sistemas de segurança das 49 cadeias e uma auditoria de gestão aos recursos da Direcção-Geral de Reinserção e Serviços Prisionais e de todos os estabelecimentos prisionais.
“Não hesitarei em dar impulso aos processos disciplinares ou penais que se revelem necessários”, avisou a ministra da Justiça.
Mais tarde, em entrevista à RTP, a ministra da Justiça anunciou que já foram emitidos mandados de detenção europeus dos cinco reclusos.
Se calhar os guardas também foram responsaveis pelos crimes violentos que eles cometeram antes. Era prisão já para esses guardas todos, piores que os assassinos.
A Sr.ª Ministra falou pouco, mas o necessário e preciso no momento certo, só quando recebeu um relatório sobre o que se passou.
Foi eficiente e eficaz quando falou ao País e disse, entre outras coisas:
1 – “foi um momento de “gravidade extrema, que não podemos desculpar”, resultado da “cadeia sucessiva de erros e falhas muito graves, grosseiras, inaceitáveis” – e que espera sejam “irrepetíveis”.”
2 – “viu “desleixo, facilidade, irresponsabilidade e falta de comando”.”
Pode-se apontar falta de recursos humanos e técnicos, que são da responsabilidade dos Governos, mas os recursos humanos existentes não se podem eximir às suas responsabilidades.