26 pessoas: importante troca de prisioneiros, que envolveu diversos países. Evan Gershkovich estava detido há mais de um ano.
A Rússia e o Ocidente, nomeadamente os Estados Unidos, chegaram a acordo sobre uma importante troca de prisioneiros, que inclui a libertação de vários cidadãos norte-americanos como o jornalista Evan Gershkovich, avançaram os ‘media’ norte-americanos.
O acordo, que parece ser um dos maiores desde a Guerra Fria, inclui também a libertação do ex-fuzileiro Paul Whelan, segundo a estação televisiva CNN, enquanto o canal ABC refere que outros países ocidentais estão envolvidos na troca.
Acusado de espionagem, Evan Gershkovich, jornalista do The Wall Street Journal, está detido na Rússia desde março de 2023 e foi condenado em julho passado a 16 anos de prisão.
A Rússia há muito que está interessada em recuperar o seu cidadão Vadim Krasikov, que foi condenado na Alemanha em 2021 pelo assassinato de um antigo rebelde checheno num parque de Berlim, dois anos antes, aparentemente por ordem dos serviços de segurança de Moscovo.
A Turquia informou entretanto que coordenou uma troca de 26 prisioneiros entre a Rússia e vários países ocidentais.
“O MIT [serviços de informação turcos] realizou em Ancara a maior operação de troca de prisioneiros dos últimos tempos, que envolveu 26 pessoas de prisões de sete países diferentes (Estados Unidos, Alemanha, Polónia, Eslovénia, Noruega, Rússia e Bielorrússia), anunciou a presidência turca em comunicado.
Dez prisioneiros, incluindo dois menores, foram transferidos para a Rússia, 13 para a Alemanha e três para os Estados Unidos, especificou o comunicado.
Até ao momento, não houve qualquer confirmação por parte das autoridades norte-americanas e o Kremlin (presidência russa) recusou-se hoje a comentar o assunto.
“Ainda não tenho qualquer comentário a fazer sobre este assunto”, disse o porta-voz presidencial, Dmitri Peskov.
É a primeira troca de prisioneiros entre Moscovo e o Ocidente desde a libertação, em dezembro de 2022, da jogadora de basquetebol norte-americana Brittney Griner, detida na Rússia por acusações de tráfico de droga, em troca da libertação do famoso traficante de armas russo Viktor Bout, preso nos Estados Unidos.
Pablo González
O jornalista espanhol Pablo González, preso há mais de dois anos na Polónia com a acusação de espionagem, foi libertado e enviado para a Rússia, onde nasceu, numa troca de prisioneiros entre vários países, revelou o seu advogado, Gonzalo Boye.
Pablo González, que esteve preso na Polónia durante mais de dois anos e cinco meses, acusado de espionagem [a favor da Rússia], foi libertado e transferido, por agora, para o seu país de nascimento”, disse o advogado, num comunicado.
O advogado acrescentou que as autoridades russas “demonstraram um interesse real em procurar uma solução para esta situação” e apelou à defesa “da liberdade de imprensa e dos direitos dos jornalistas a nível global”.
Pablo González, de 41 anos, residente no País Basco (norte de Espanha), tem dupla nacionalidade (russa e espanhola) e foi detido na fronteira da Polónia com a Ucrânia em 2022, poucos dias depois do início do ataque militar da Rússia a este país.
O jornalista, que nasceu e viveu na Rússia até aos nove anos de idade, é colaborador de meios de comunicação espanhóis como o jornal Publico e a televisão La Sexta.
Organizações de defesa da liberdade de imprensa e dos direitos humanos, como a Repórteres sem Fronteiras ou a Amnistia Internacional, denunciaram por diversas vezes o caso do jornalista espanhol, sublinhando a falta de respeito pelo princípio da presunção de inocência por parte da Polónia, um país da União Europeia, ou que Pablo Gonzalez não tinha acesso a informação completa sobre a acusação de que era alvo.
Segundo o seu advogado, a libertação do jornalista foi possível graças a “intensas negociações entre as partes envolvidas”.
O ministro dos Negócios Estrangeiros de Espanha, José Manuel Albares, assegurou diversas vezes que acompanhava diretamente o caso de Pablo González e que tinha pedido ao homólogo da Polónia para serem apresentadas as provas contra o jornalista e para ser marcado uma data para o julgamento.
ZAP // Lusa