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Recursos do planeta para 2024 já estão esgotados. A partir de hoje é “cartão de crédito”

ZAP

Dia da Sobrecarga do Planeta chega um dia mais cedo do que em 2023. Portugal já tinha esgotado os recursos há mais de dois meses.

A humanidade começa a usar a partir de hoje, quinta-feira, o “cartão de crédito ambiental”, tendo esgotado os recursos do planeta disponíveis para este ano, alerta a organização internacional “Global Footprint Network”.

O chamado Dia da Sobrecarga do Planeta (Overshoot Day), este ano um dia mais cedo do que no ano passado, assinala o momento em que a necessidade de recursos e serviços ambientais por parte da Humanidade excede a capacidade do Planeta Terra para regenerar esses mesmos recursos.

Assim, como explica em comunicado a associação ambientalista Zero, a partir desta quinta-feira é preciso usar recursos naturais que só deveriam ser usados a partir de 1 de janeiro de 2025, o que significa que os humanos estão a usar 1,7 planetas, ou seja, mais 70% do que a natureza oferece anualmente.

Na análise dos dados da organização a “Global Footprint Network”, a Zero nota que há uma tendência de estagnação no Dia da Sobrecarga do Planeta, que se pode dever aos esforços de descarbonização, mas avisa que para se reduzirem as emissões mundiais em 43% até 2030 era preciso recuar no “Overshoot Day” 19 dias por ano.

“O que os dados nos indicam é que a Humanidade tem de acelerar o passo e promover as mudanças necessárias de forma a reduzir o impacte que as suas atividades e necessidades têm sobre a capacidade de carga do planeta”, diz a Zero, dando exemplos de como reduzir cada vez mais esse impacto.

Alimentar 75% das necessidades mundiais de eletricidade com fontes renováveis fazia recuar o “Overshoot Day” em 25 dias. E reduzindo para metade o desperdício alimentar seriam mais 13 dias de recuo. Mas ao reduzir para metade a pegada carbónica o recuo seria de 93 dias, para o início de novembro.

A associação ambientalista, além de destacar o desafio de acelerar a transição, salienta a realização pela ONU da Cimeira do Futuro, em setembro, centrada em estratégias que permitam a integração dos efeitos futuros nas decisões do presente.

No comunicado, a Zero diz ter esperança de mudança na Cimeira do Futuro, um evento que reúne os líderes mundiais e que visa a adoção do Pacto para o Futuro.

A “Global Footprint Network”, uma organização internacional de sustentabilidade pioneira da pegada ecológica, diz que a utilização excessiva de recursos compromete os oceanos, leva à desflorestação, à erosão do solos, à perda de biodiversidade e ao aumento de dióxido de carbono (CO2) na atmosfera, responsável pelo aquecimento global, que provoca fenómenos meteorológicos extremos e o aumento da insegurança alimentar.

Lewis Akenji, da direção da “Global Footprint Network”, garantiu, citado em comunicado alusivo ao dia que o “Overshoot Day”, que o futuro vai passar por uma transição planeada ou por um desastre provocado por um planeta desequilibrado.

Fazendo uma analogia com os Jogos Olímpicos que estão a decorrer em Paris a organização diz que tal como os atletas alcançam avanços através da concentração, da inovação e do esforço, a humanidade precisa de fazer o mesmo para conseguir acabar com o Dia da Sobrecarga do Planeta.

Nos dados da “Global Footprint Network”, Portugal esgotou os seus próprios recursos muito mais cedo, este ano a 28 de maio.

Segundo os números, se cada pessoa no planeta vivesse como uma pessoa média portuguesa, a humanidade exigiria cerca de 2,9 planetas para sustentar a sua utilização de recursos. Mas se todas as pessoas vivessem como um norte-americano seriam precisos cinco planetas.

A Pegada Ecológica avalia as necessidades humanas de recursos renováveis e serviços essenciais e compara-as com a capacidade da Terra para fornecer tais recursos e serviços (biocapacidade).

Este ano o país que primeiro esgotou os recursos foi o Catar, logo em 11 de fevereiro, seguindo-se o Luxemburgo, no dia 20. Os últimos países a esgotar os seus recursos serão o Equador e a Indonésia, em 24 de novembro.

// Lusa

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