Um alívio: Von der Leyen reeleita. Vai ser “monitorizada de perto”

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Ronald Wittek/EPA

Ursula von der Leyen reage à sua reeleição

Não era uma certeza, mas aconteceu: presidente da Comissão Europeia continua, desta vez com uma eleição mais confortável. Mas ficam avisos e críticas.

O Parlamento Europeu aprovou nesta quinta-feira a recondução no cargo da presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, por mais cinco anos, com 401 votos favoráveis dos eurodeputados na votação em plenário em Estrasburgo, acima dos 360 necessários.

A votação ocorreu na primeira sessão plenária da nova legislatura da assembleia europeia, na cidade francesa de Estrasburgo, com a política alemã de centro-direita Ursula von der Leyen a conquistar 401 votos favoráveis, 284 contra, 15 abstenções e sete inválidos.

O aval de à recondução – que implicava pelo menos 360 votos favoráveis (metade dos eurodeputados mais um, dado que um dos parlamentares não tomou posse) – surgiu depois de a candidata do Partido Popular Europeu (PPE) se ter vindo a reunir nos últimos dias com várias bancadas políticas do hemiciclo europeu (como Socialistas, Liberais, Verdes e Conservadores) para apelar à aprovação destes parlamentares para um novo mandato de cinco anos.

Os 401 votos favoráveis correspondem, aliás, à soma dos três partidos incluídos no acordo sobre os cargos de topo da UE – PPE, Socialistas e Liberais –, sendo que nem todos os eleitos destas bancadas votaram a favor da recondução de Von der Leyen.

Com uma maior fragmentação partidária no Parlamento Europeu, a recondução no cargo (em 2019 foi eleita sem ser candidata) obrigou a várias negociações nos últimos dias, dado que vários parlamentares ameaçaram não apoiar a política alemã por temer que Ursula von der Leyen estivesse demasiado ligada à ala conservadora ou por criticarem a sua postura em relação à externalização das políticas de migração da União Europeia (UE) e a certos recuos nas metas climáticas ou sociais.

Enquanto primeira mulher na presidência da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen foi aprovada pelo Parlamento Europeu em julho de 2019 com 383 votos a favor, numa votação renhida.

Alívio

Von der Leyen agradeceu ao Parlamento Europeu o “resultado muito melhor” do que na eleição de 2019, indicando que se vai concentrar na constituição da sua equipa de comissários.

“Não posso começar sem expressar o quanto estou grata pela confiança da maioria do Parlamento Europeu, com 401 votos a favor. Lembram-se da última vez, em que houve oito votos acima da maioria necessária, mas desta vez o resultado foi muito melhor”, disse, entre sorriso nervoso, uma aliviada líder do executivo comunitário.

Em conferência de imprensa, Ursula von der Leyen destacou que tal apoio “envia uma forte mensagem de confiança”, nomeadamente após o “trabalho árduo dos últimos cinco anos”, em que a União Europeia (UE) enfrentou desafios como os da pandemia de covid-19 e da guerra da Ucrânia causada pela invasão russa.

Questionada sobre a aproximação aos Conservadores (nomeadamente do partido Irmãos de Itália, da primeira-ministra italiana Giorgia Meloni), além do diálogo com socialistas e liberais, a responsável (de centro-direita) disse que “o resultado mostra que a abordagem foi a correta”.

“Trabalhámos arduamente durante toda a campanha eleitoral e para juntar todas as forças democráticas e ter uma maioria no centro para uma Europa forte e, por conseguinte, a abordagem de incluir todos aqueles que são a favor da Europa, da Ucrânia, do Estado de direito […] foi a correta”, vincou Ursula von der Leyen.

Nestas curtas declarações à imprensa, a presidente eleita da Comissão Europeia mencionou ainda os próximos passos.

“Vou concentrar-me agora na constituição da minha equipa de comissários para os próximos cinco anos e, nas próximas semanas, pedirei aos líderes [da UE] que apresentem os seus candidatos. Tal como da última vez, escreverei uma carta e solicitarei a proposta de um homem e de uma mulher como candidatos, sendo que a única exceção, tal como da última vez, é quando há um comissário em exercício nesse Estado”, elencou.

Ursula von der Leyen precisou que, de seguida, irá “entrevistar os candidatos a partir de meados de agosto para escolher os candidatos mais bem preparados e que partilhem o compromisso europeu”.

“Mais uma vez, o meu objetivo será conseguir uma quota-parte igual de homens e mulheres no colégio de comissários”, adiantou.

Reações

O presidente eleito do Conselho Europeu, António Costa, felicitou Ursula von der Leyen pela reeleição enquanto presidente da Comissão Europeia, considerando que a votação expressiva “é uma boa notícia” para a União Europeia (UE).

“Muitos parabéns a Ursula von der Leyen pela sua reeleição no Parlamento Europeu, com base numa maioria muito abrangente. É uma boa notícia para a Europa e para os europeus”, escreveu António Costa na rede social X (antigo Twitter).

O ex-primeiro-ministro de Portugal acrescentou que “será um gosto trabalhar em equipa pela Europa”.

O líder do grupo de centro-direita PPE no Parlamento Europeu, Manfred Weber, considerou que a recondução da sua correligionária Ursula von der Leyen para um novo mandato à frente da Comissão Europeia reforça a Europa democrática.

“Com a eleição de Ursula von der Leyen, estamos a reforçar uma Europa democrática”, disse, em comunicado o líder do grupo do Partido Popular Europeu (PPE, que inclui os eurodeputados eleitos pela Aliança Democrática).

Weber disse ainda que houve uma votação também “para prioridades claras: prosperidade, segurança e fim da migração”.

A Esquerda no Parlamento Europeu (PE) considerou que o mandato de Ursula von der Leyen enquanto presidente da Comissão Europeia “foi catastrófico” e que a sua reeleição só vai contribuir para o crescimento da extrema-direita.

“O mandato de Ursula von der Leyen foi catastrófico e tem uma consequência direta: o crescimento sem precedentes da extrema-direita”, escreveu a Esquerda na rede social X (antigo Twitter).

O grupo político europeu a que pertencem o PCP e o Bloco de Esquerda “votou unanimemente contra”, completou a família política que perdeu mais eurodeputados nas últimas eleições europeias.

A presidente dos liberais no Parlamento Europeu (PE) felicitou Ursula von der Leyen pela reeleição enquanto presidente do executivo comunitário, mas alertou que vai “monitorizar de perto” o cumprimento das promessas feitas.

“Parabéns a Ursula von der Leyen que acabou de ser reeleita presidente da Comissão Europeia. O roteiro do Renovar a Europa vai estar no coração do próximo programa de trabalho do executivo europeu. Os nosso valores também. Vamos monitorizar [o trabalho da Comissão] de perto”, escreveu Valérie Hayer na rede social X (antigo Twitter).

“Estamos a contar consigo, tal como pode contar connosco”, escreveu a presidente dos liberais nos hemiciclos de Bruxelas e Estrasburgo, pouco depois da confirmação de von der Leyen para encabeçar a Comissão Europeia por mais cinco anos.

ZAP // Lusa

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