O surgimento da Inteligência Artificial está a dar azo a uma nova onda de burlas, desde a venda de produtos que não existem ou serviços de terapia fraudulentos.
Desde as antigas fraudes gregas até aos sofisticados esquemas cibernéticos actuais, a burla evoluiu drasticamente. A Internet abriu uma infinidade de formas para os vigaristas modernos separarem as vítimas desprevenidas do seu dinheiro.
Alguns burlões ouvidos pela VICE revelam quais os mais recentes esquemas desonestos concebidos para explorar a era digital.
Terapeutas de IA falsos
A saúde mental é uma questão crítica no mundo atual, e os burlões estão a lucrar com a procura de terapia. Um burlão anónimo revelou como ganha dinheiro ao oferecer sessões de terapia com recurso a IA.
Treinam chatbots com base nos trabalhos de psicólogos de renome, como Esther Perel e Lori Gottlieb, e depois criam perfis de terapeutas falsos em sites duvidosos. Os bots de IA conduzem sessões de terapia áudio, dando conselhos por uma fração do custo de uma terapia real.
Apesar da natureza antiética deste esquema, o burlão justifica-o. “Tecnicamente, meu terapeuta detém o conhecimento dos melhores especialistas do mundo e por uma fração do preço. Por que é que apenas as pessoas que podem pagar pela terapia devem receber ajuda?”, questiona.
Produtos de IA inexistentes
A inteligência artificial facilitou aos burlões a criação de imagens e vídeos convincentes de produtos que não existem. ‘Bravo’, um contabilista sediado em Londres, tem lucrado com a venda online desses produtos inexistentes.
Desde berços de bebé com a temática da Guerra das Estrelas a mobiliário para gatos, estes artigos parecem reais mas são meras criações digitais.
Golpe do Wi-Fi grátis
O Wi-Fi público pode ser um salva-vidas quando se viaja, mas também pode ser uma armadilha. Hackers como ‘Moodie’ criam redes Wi-Fi falsas em locais públicos, imitando redes legítimas de empresas próximas.
Quando os utilizadores se ligam, são redirecionados para uma página que lhes pede o seu email ou dados bancários. Através deste acesso, os hackers podem monitorizar a atividade online dos utilizadores, roubando informações pessoais e credenciais. Moodie salienta que os turistas e os indivíduos intoxicados são particularmente vulneráveis a esta fraude.
Roubo de códigos QR
Os códigos QR tornaram-se uma forma conveniente de pagar por serviços, mas os burlões descobriram uma forma de explorar esta tecnologia. Ao colocar códigos QR falsos em espaços públicos como restaurantes e parquímetros, os burlões encaminham os utilizadores para sítios Web fraudulentos que solicitam dados bancários. Este esquema é uma nova reviravolta no esquema do Wi-Fi gratuito, visando a crescente dependência dos códigos QR.
Visita virtual à história
A pandemia provocou um aumento da procura de visitas virtuais a locais históricos. O amigo anónimo de Moodie aproveitou esta situação para oferecer visitas virtuais a locais famosos como Machu Picchu e Tuvalu. No entanto, estas visitas não eram mais do que imagens pré-gravadas disponíveis gratuitamente na Internet.
O burlão cobra uma taxa por estas experiências “imersivas”, oferecendo aos viajantes de poltrona um serviço aparentemente legítimo, mantendo-os atrás de ecrãs e prontos a entregar os dados do seu cartão de crédito.