O Universo pode ser dominado por partículas invisíveis, que quebram a causalidade e se movem mais depressa do que a luz, sugere um novo estudo.
Poderá o cosmos ser dominado por partículas que se movem mais depressa do que a velocidade da luz? Um modelo do universo ajusta-se surpreendentemente bem as dados observados, descobriu uma dupla de físicos.
A teoria é proposta pelos físicos norte-americanos Samuel Kramer, da Universidade do Wisconsin, e Ian Redmount, da Universidade de Saint Louis, e recentemente apresentada em pré-publicação no arXiv.
No novo artigo, que ainda não foi revisto por pares, os dois físicos propõem que o nosso universo seja dominado por taquiões — um tipo hipotético de partícula que se move sempre mais depressa do que a luz.
É quase certo que os taquiões não existem; andar mais depressa do que a luz viola tudo o que sabemos sobre o fluxo causal do tempo do passado para o futuro, explica o Live Science.
Mas estas partículas hipotéticas continuam a ser interessantes para os físicos, uma vez que há sempre a pequena possibilidade de que mesmo as nossas noções mais estreitamente defendidas, como a causalidade, possam estar erradas.
Os dois investigadores sugerem que os taquiões podem ser a verdadeira essência da identidade da matéria negra, a misteriosa forma de matéria que constitui a maior parte da massa de quase todas as galáxias do Universo, superando a matéria normal em 5 para 1.
Atualmente, nem os astrónomos nem os físicos sabem de que é feita a matéria escura, pelo que são livres de inventar todo o tipo de ideias – porque, afinal de contas, por vezes uma ideia rebuscada está certa e, mesmo que esteja errada, pode ajudar-nos a compreender melhor um dado tema.
Segundo os dois investigadores, um universo em expansão cheio de taquiões pode inicialmente abrandar a sua expansão antes de voltar a acelerar.
O nosso universo está atualmente numa fase de aceleração, impulsionada pela chamada energia escura, pelo que este modelo cosmológico de taquiões pode potencialmente explicar tanto a energia escura como a matéria escura ao mesmo tempo.
Kramer e Redmount juntam-se assim agora à legião de físicos que nos últimos tempos tem andado a tentar acabar com as duas desgraçadas forças elusivas que dominam o Universo.
No seu estudo, os dois físicos concluem que um modelo cosmológico de taquiões era tão bom a explicar os dados das supernovas como o modelo cosmológico padrão que envolve a matéria e a energia escuras. Este facto é, por si só, uma surpresa, dada a falta de ortodoxia da ideia.
No entanto, isto é apenas o início. Temos agora acesso a uma grande quantidade de dados sobre o Universo em grande escala, como as micro-ondas cósmicas de fundo (radiação remanescente libertada logo após o Big Bang) e a disposição das galáxias às escalas mais elevadas.
O próximo passo dos dois investigadores é agora continuar a testar esta ideia com base nessas observações adicionais. É muito pouco provável que o revolucionário modelo cosmológico dos taquiões passe em testes experimentais rigorosos, dada a natureza improvável dos taquiões.
Mas continuar a avançar em direções novas, mesmo não ortodoxas, é importante em cosmologia; nunca sabemos quando tropeçamos numa descoberta que muda a nossa compreensão do Universo.