A Comissão do Mercado de Valores Mobiliários (CMVM) suspendeu, esta terça-feira, a negociação das ações do Futebol Clube do Porto, SAD, após a entrevista de Pinto da Costa, à SIC, onde divulgou informação privilegiada sobre as contas do clube.
Jorge Nuno Pinto da Costa responsabilizou André Villas-Boas pelo mau momento do FC Porto, mas quem acabou por fazer “asneira” foi o próprio.
Na entrevista desta segunda-feira ao Jornal da Noite da SIC, o presidente do FC Porto terá divulgado informações privilegiadas sobre as contas do clube.
Como detalha o ECO, em causa estiveram, “entre outros assuntos”, a atual situação dos capitais próprios da SAD e ainda o acordo relativo ao Estádio do Dragão.
Como consequência, a CMVM decidiu suspender a negociação das ações do Futebol Clube do Porto, SAD, enquanto aguarda “a divulgação de informação relevante ao mercado”.
“O Conselho de Administração da Comissão do Mercado de Valores Mobiliários (CMVM) determinou no dia 02/abr/2024 pelas 09:25 (UTC), nos termos do artigo 214.º e da alínea b) do n.º 2 do artigo 213.º do Código dos Valores Mobiliários, a suspensão da negociação das ações Futebol Clube do Porto – Futebol, SAD, aguardando a divulgação de informação relevante ao mercado”, divulgou a CMVM, esta terça-feira, em comunicado.
Na entrevista, Pinto da Costa deu detalhes de “um plano” que – garante o presidente – estabilizará as contas do FC Porto.
“Temos plano em que vamos diminuir altamente o passivo, vamos ter financiamento de 250 milhões de euros a juro muito baixo, o que vai baixar milhões de pagamento de juros. E vamos pagar metade dos juros, mas não sou eu quem está a tratar destes assunto, aprovo como sempre aprovei”, explicou o presidente.
Quanto ao Estádio do Dragão, o dirigente azul-e-branco garantiu que vai haver uma entrada de 70 milhões de euros pelo negócio.
“O valor que poderemos deixar de receber [pela ausência da edição 2024/25 da Liga dos Campeões], é considerável, mas a Liga Europa também vai ter muito mais dinheiro. Em junho, vão entrar os 70 ME do negócio do estádio [celebrado com a Legends]”, reiterou Pinto da Costa.
O presidente dos dragões recusou deixar o clube dependente de fundos de investimento, apesar de indicar o empresário João Rafael Koehler, fundador e administrador da empresa de gestão de capital de risco Quadrantis, para seu vice-presidente.
Essa sociedade engloba a empresa Connect Capital, que celebrou em abril de 2023 um empréstimo de 14,5 milhões de euros (ME) à FC Porto SAD, cuja data de vencimento irá até janeiro de 2029, tal como consta do último relatório e contas semestral dos ‘dragões’.
FC Porto explica-se
Após suspensão das ações da SAD, o FC Porto reiterou a expectativa de arrecadar até 70 milhões de euros, até junho, com a negociação da exploração do Estádio do Dragão, assim como a renegociação da dívida de médio e longo prazo.
Em comunicado enviado à Comissão do Mercado de Valores Mobiliários (CMVM), a sociedade desportiva azul-e-branca, reitera as declarações prestadas pelo presidente Pinto da Costa, na entrevista à SIC.
A FC Porto SAD deu conta da expectativa de “fechar definitivamente o contrato com uma reputada empresa internacional, com reconhecida experiência na otimização das receitas comerciais relacionadas com grandes equipamentos desportivos, até 30 de junho de 2024”.
“Sendo esta parceria consubstanciada na participação minoritária numa das empresas com os direitos comerciais do grupo FC Porto, através da injeção de capital por um montante estimado entre os 60 e 70 milhões de euros, como anteriormente comunicado ao mercado, a sociedade irá elevar assim os capitais próprios em igual montante”, lê-se no referido comunicado.
Hoje, a SAD dos dragões “mais informa que apesar de não ter ainda fechado um financiamento neste sentido, a FC Porto – Futebol, SAD está a negociar uma reformulação da sua dívida de médio e longo prazo, num montante estimado de 250 milhões de euros, a uma taxa de juro competitiva em termos de mercado”.
A 28 de março, na última sessão de negociações, as ações da Porto SAD fecharam estáveis nos 1,15 euros, com 20 títulos a mudarem de mãos.
ZAP // Lusa