Está cada vez mais longe, mais pequena e mais difícil de capturar. No Algarve, a captura caiu para metade no último ano. Há três culpados.
É verdade: a sardinha está cada vez mais longe da costa e é mais difícil de capturar, confessam pescadores algarvios preocupados com a escassez do peixe mais famoso de Portugal.
Há três principais suspeitos: orcas, golfinhos e águas mais quentes.
“A sardinha andou afastada da costa, devido às águas mais quentes e à presença de predadores, como orcas e golfinhos”, explica Miguel Cardoso, presidente da maior cooperativa de pesca do Algarve, Olhãopesca, ao Correio da Manhã.
A cooperativa tem “sentido na espinha” a fuga do peixinho. No ano passado, capturou apenas 824 toneladas, cerca de metade do ano anterior.
Mas nem tudo são más notícias: a falta de sardinha facilitou o aumento de capturas de espécies como a cavala e carapau, um aumento que se refletiu na quantidade total de peixe apanhado. Segundo dados provisórios da Direção-Geral de Recursos Naturais, os pescadores algarvios capturaram mais 18% de peixe em 2023 do que em 2022.
Especialistas têm vindo a avisar da tendência de migração da sardinha, para norte. Gosta de águas mais frias e, com estas cada vez mais quentes devido ao aumento da temperatura do mar, fogem do calor na direção do mar Branco e da Noruega.
“Obviamente que isto vai alterar as populações de peixes como a sardinha ou a dourada. Vamos ter alterações de população”, avisa a bióloga marinha Carolina Madeira em declarações ao CNN.
O calor também altera a forma como os peixes crescem, influenciando a sua alimentação e levando a que cresçam mais rápido, mas fazendo também com que não fiquem tão grandes. O tamanho já é um problema, especialmente no norte do país.
“Há um impacto na reprodução, na fecundidade e na qualidade dos ovos que se desenvolvem, o que obviamente afeta os stocks pesqueiros”, acrescenta.
Rende pouco na balança, e por ter pouca gordura, a sardinha pequena não assa tão bem como a maior.
Emigram para outras grelhas !