Chamou prostituta política ao PSD, agora quer negociar? As respostas de Ventura

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Miguel A. Lopes / EPA

André Ventura (Chega) durante a noite das eleições legislativas 2024

Presidente do Chega continua a exigir um acordo de Governo à AD e apresentou as suas cinco prioridades. “Estou a pensar em Portugal!”.

O presidente do Chega, André Ventura, distanciou-se nesta quarta-feira da moção de rejeição do programa de Governo da AD anunciada pelo PCP, mas ameaçou votar contra os Orçamentos do Estado se não houver acordo com o PSD.

Em entrevista à CMTV, André Ventura exigiu ao PSD um “acordo de governo” centrado em “cinco prioridades” – combate à corrupção; redução de impostos; aumento das pensões; forças de segurança; ex-combatentes – para que o Chega possa viabilizar documentos estruturantes como os Orçamentos do Estado.

“Não vou fazer do Chega a muleta de nenhum Governo”, assegurou Ventura, afirmando não fazer a sua vida política baseada em cálculos, mas admitindo que “os portugueses também saberão valorizar um presidente que se ofereceu para ser garantia de estabilidade, mas ninguém quis”. “Se cair o Governo, será responsabilidade do PSD, não será nossa”, reforçou.

O líder do Chega lembrou, por outro lado, que na legislatura que agora termina votou favoravelmente propostas de outros partidos, até do PCP e do Livre, e prometeu “continuar nesse registo”.

“Mas não num documento de orientação geral como o Orçamento. A humilhação tem limites! Se não houver nenhum acordo ou abertura ao diálogo, votarei contra“, assegurou.

O líder do Chega precisou que a sua exigência é de um “acordo de governo” com o PSD, uma vez que o acordo parlamentar “já deu sinais de não resultar”, como foi o caso nos Açores, salientando que “todos têm de ceder”.

Ventura contou que já falou com pessoas do PSD, com “pessoas que podem tomar decisões”. Mas as respostas têm sido “ou nenhuma, ou muito dúbias e pouco convincentes”.

O presidente do Chega – que admitiu que foi “demasiado radical” em algumas críticas ao PSD durante a campanha eleitoral – foi questionado sobre o momento da campanha em que chamou “prostituta política” ao PSD.

Na altura, André Ventura acusou o PSD de se ter sentado no colo do PS.  “Portanto, ficámos com uma espécie de PSD prostituta política“.

Como quer negociar com o PSD depois de ter dito o que disse?

Na resposta, Ventura lembrou que, mesmo assim, mais de 1 milhão de portugueses votou no Chega e considerou que “o tempo das muletas políticas acabou” e que é preciso pôr os interesses do país “à frente dos egos, porque um disse aquilo do outro. Quer dizer… o PSD disse o pior de mim, no Parlamento e fora”, apontou.

Agora o momento é outro, alegou: “Ponho tudo isso para trás das costas para dar a Portugal um Governo”.

“O meu objetivo é dar um governo a Portugal. Se tudo isto levar a um zero absoluto, não me venham pedir responsabilidades”, disse, afirmando que tem “canais” para negociar, mas não há nada formal em curso. “Não deixei de ser amigo do dr. Luís Montenegro”, afirmou.

Quanto a nomes para um futuro Governo, André Ventura considerou não ser a “questão essencial”, apesar de considerar que “se há um acordo as pessoas escolhem os nomes em conjunto”.

Com quase 50 deputados eleitos no domingo, “é muito mais confortável para o Chega ficar na oposição” para depois se tornar “mais fácil chegar ao poder”, apontando os casos de França, Alemanha e da Holanda.

André Ventura admite que o PS ainda pode ganhar as eleições, depois de contados os votos dos emigrantes. “É difícil que isso aconteça e vamos ser francos: um Governo de Pedro Nuno Santos não teria grandes condições para avançar, não conseguiria sobreviver durante muito tempo” devido à provável oposição de PSD e Chega que, juntos, têm maioria absoluta na Assembleia da República.

Quanto à moção de rejeição do programa do Governo anunciada pelo PCP, o líder do Chega disse não fazer parte dos seus planos votar a favor.

“Não tenho grande apetência para votar a favor de uma coisa que é completamente inconsequente”, declarou, dizendo achar graça ao facto de o PCP anunciar a apresentação numa altura em que não se sabe quem é o primeiro-ministro, nem o Governo, nem o programa. “Não vejo qualquer viabilidade nesta moção”, reforçou, afirmando que a decisão sobre o voto será tomada nos próximos dias em reunião do Grupo Parlamentar do Chega.

Ainda à esquerda, Ventura acha que os partidos de esquerda já anunciaram que se vão reunir só porque “vêem fraqueza à direita”. Essas reuniões “nunca existiriam se houvesse clareza de que vai haver um Governo à direita. É como na natureza: vêem fraqueza, atacam”, analisou. Acha que são contas “alucinantes” mas a “culpa” é da direita, que está a ser “fraca”.

André Ventura insurgiu-se contra uma notícia publicada pelo Expresso na sexta-feira anterior às eleições, e não desmentida por Belém, de que o Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, não permitiria ao Chega integrar o Governo, o que considerou ser uma intromissão no ato eleitoral.

Ventura assumiu que o Presidente lhe dissera há algum tempo que “não se iria opor” à entrada de elementos do seu partido para o Governo. “Se Marcelo disser que não, estará a mentir”, acrescentou, afirmando que na próxima semana irá ao Palácio de Belém insistir que “será uma irresponsabilidade” levar o país para novas eleições só para evitar ter elementos do Chega no Governo.

ZAP // Lusa

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5 Comments

  1. Agarrem-me que eu parto isto tudo, diz o André.
    Já assim foi nos Açores nas últimas eleições insulares.
    Agora, é no Continente. Quer poder. Uns dias, não quer ser governo, logo a seguir já quer ir para o Governo; depois quer negociar, melhor impor. E andamos nisto a ouvi-lo todos os dias nas TVs.
    E ao que chegou o populismo de um Jurista, como é o André, trocar a prisão perpétua por aumento de pensões!
    É isto que muitos gostam de ouvir.
    Já agora as subvenções que o André gosta tanto de atacar, o que é o partido dele vai fazer com as subvenções do Estado pelos votos que obteve? Vai devolvê-las ao Estado ou distribuí-las pelos mais carenciados da sociedade. Por exemplo, convertê-las em bolsas de estudos pelos estudantes mais carenciados, como fez há uns anos o Rui do Livre que era deputado europeu. Ou então financiar a renda dos Polícias deslocados.

  2. Pois, acham mesmo que a AD consegue governar em minoria? A esquerda chumba o orçamento e adeus governo, venham novas eleições! É isso que querem? Um país aprisionado à esquerda?

  3. Ja agora, parece que a IL tambem mudou de posicao, agora vao debater caso, a caso…, o proprio PS, que dizia que nunca iria viabilizar um Governo da AD, parece que tambem ja mudou de posicao, ja dizem que admitem fazer acordos com a AD, principalmente no campo da Justica!!!!, em fim, parece que o CHEGA nao anda sozinho nas suas mudancas de posicao…

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