“Farsa kafkiana”. Opositor russo preso por criticar a invasão da Ucrânia

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Sergei Ilnitski/EPA

Oleg Orlov, ativista russo de 70 anos, foi preso por classificar o regime de Putin como totalitário e fascista.

Aos 70 anos, o ativista Oleg Orlov foi condenado a dois anos e meio de prisão por um artigo em que qualificou o atual regime político de totalitário e fascista. “Não me arrependo de nada”, garante.

O opositor Oleg Orlov, ativista dos direitos humanos na Rússia, foi condenado a dois anos e meio de prisão por um tribunal de Moscovo por criticar a invasão da Ucrânia.

“O tribunal decidiu considerar Orlov culpado e impôs uma pena de dois anos e seis meses numa (…) colónia penal”, disse o juiz no seu veredicto, segundo um jornalista da agência de notícias AFP presente na audiência.

“Acusam-nos de desacreditar [o exército], sem explicar do que se trata nem de como isso difere da crítica legítima. Acusam-nos de espalhar intencionalmente informações falsas sem nos preocuparmos em provar a sua falsidade”, disse Orlov na sua última declaração antes do veredicto.

Orlov lembrou que está a ser julgado por um artigo em que qualificou o atual regime político de “totalitário e fascista”, algo que, face ao que aconteceu nos últimos meses, incluindo a morte na prisão do opositor Alexei Navalny, disse não ter sido “nem um pouco exagerado”.

Durante o julgamento, Orlov recusou-se a reconhecer a sua culpa e renunciou à presença de testemunhas em sua defesa, argumentando que isso poderia representar um risco para elas, uma vez que foi classificado como ‘agente estrangeiro’, estatuto que implica pesadas restrições administrativas.

Orlov foi multado, a 11 de outubro passado, em 150 mil rublos (1.500 euros) pelo mesmo caso, mas o Ministério Público recorreu da decisão, acusando-o de “nutrir ódio ideológico e político” contra a Rússia, pelo que o Tribunal Urbano de Moscovo ordenou a repetição do julgamento.

O procurador assumiu, no entanto, como fatores atenuantes, entre outros aspetos, a idade do arguido — 70 anos — e a sua brilhante carreira como ativista nos últimos 30 anos.

Os tribunais abriram o processo criminal contra Orlov em março pelo artigo intitulado “Eles queriam o fascismo, já o têm”, publicado na imprensa francesa e, em novembro de 2022, na rede social Facebook.

“A guerra sangrenta declarada pelo regime de [do Presidente russo, Vladimir] Putin na Ucrânia não significa apenas o assassínio em massa de pessoas, mas também a destruição das infraestruturas, da economia e dos bens culturais daquele país extraordinário”, dizia o artigo.

Orlov é membro da organização não-governamental (ONG) Memorial, vencedora do Prémio Nobel da Paz de 2022 e encerrada pela justiça russa. É uma das mais antigas e respeitadas ONGs russas, dedicada à documentação de violações dos direitos humanos e à preservação da memória das vítimas de repressão política na União Soviética e na Rússia contemporânea

Orlov denunciou ainda no seu último discurso, realizado na segunda-feira, “o estrangulamento da liberdade” na Rússia e “a entrada de tropas russas na Ucrânia”. “Não me arrependo de nada”, afirmou.

Em dezembro de 2021, os tribunais russos extinguiram a Memorial International e a Memorial Human Rights Center por, alegadamente, criarem uma “falsa imagem da URSS como um Estado terrorista”.

Orlov também denunciou a morte, em 16 de fevereiro, do opositor russo Alexei Navalny numa prisão no Ártico, que descreveu como um “assassínio”, e apelou aos apoiantes da oposição russa para “não perderem a coragem”.

“Farsa kafkiana”

A organização Human Rights Watch (HRW) apelidou de “farsa kafkiana” o processo judicial que culminou com a condenação à prisão do opositor de Vladimir Putin.

Em comunicado, a diretora da HRW para a Europa e Ásia Central, Tanya Lokshina, considerou que o caso contra o ativista como uma “farsa kafkiana”, acrescentando que o “Kremlin não devia ser autorizado a eliminar os seus críticos em julgamentos simulados”.

“Os intervenientes internacionais devem fazer tudo o que estiver ao seu alcance para libertar Orlov e responsabilizar a Rússia pelas suas persistentes e ultrajantes violações dos direitos humanos antes que seja tarde demais”, acrescentou.

ZAP // Lusa

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1 Comment

  1. Mais um que vai morrer na cadeia.
    É ainda há gente que apoia o regime nazi imposto pelo Anão Vermelho ao Povo Russo.
    Alguém vai ter que desnazificar a Federação Russa!

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