A dieta mediterrânica é há muito aclamada como a ideal para pessoas preocupadas com a saúde, mas tem um concorrente de peso com origem em Portugal: a dieta atlântica.
Inspirada nas tradições culinárias do norte de Portugal e da região da Galiza, esta dieta oferece uma nova perspetiva sobre uma alimentação saudável, ao mesmo tempo que dá ênfase à sustentabilidade.
À semelhança da sua congénere mediterrânica, a dieta atlântica centra-se em alimentos saudáveis e minimamente processados, como frutas, legumes, cereais integrais, marisco e azeite.
No entanto, também incorpora mais lacticínios e hidratos de carbono ricos em amido, como o pão e as batatas, juntamente com um consumo moderado de vinho tinto. A ênfase é colocada na utilização de ingredientes de origem local e métodos de confeção simples para maximizar o sabor e o valor nutricional.
Um recente ensaio clínico de seis meses realizado em Espanha procurou avaliar o impacto da dieta atlântica na saúde e no ambiente.
Os participantes, detalha a IFLScience, foram divididos em dois grupos: um que seguiu a dieta atlântica com acesso a aconselhamento nutricional e o outro que manteve os seus hábitos alimentares habituais.
O estudo, que foi apresentado num artigo recentemente publicado na Jama Network Open, revelou resultados promissores para a saúde dos participantes na dieta atlântica.
Os participantes registaram uma redução significativa dos indicadores da síndrome metabólica, uma condição associada a um risco acrescido de doenças crónicas como a diabetes de tipo 2 e as doenças cardíacas.
Especificamente, os indivíduos que seguiram a dieta atlântica apresentaram melhorias na circunferência da cintura, nos níveis de colesterol e na saúde metabólica geral.
Todavia, no que diz respeito à sustentabilidade ambiental, os resultados foram menos conclusivos. Embora a dieta atlântica incentive o consumo de alimentos de origem local e minimamente processados, não se verificou uma diferença significativa entre ambos os grupos.
Apesar desta limitação, os especialistas sublinham a importância das dietas tradicionais, como a dieta atlântica, na promoção da saúde humana e planetária.
Ao dar prioridade aos alimentos à base de plantas e às refeições familiares partilhadas, os indivíduos podem adotar padrões alimentares mais saudáveis que beneficiam tanto a si próprios como o ambiente.
Tracy Crane, nutricionista da University of Miami Miller School of Medicine, destaca os benefícios globais das dietas à base de plantas, quer se trate da dieta mediterrânica ou da dieta atlântica, ou de uma combinação personalizada que se adapte às preferências individuais.
Já a nutricionista Michelle Routhenstein sublinha a importância dos hábitos alimentares centrados na família para promover a adesão a padrões alimentares mais saudáveis — como demonstrado no estudo.