Daniela Martins falou pela primeira vez, publicamente, sobre o tratamento às suas filhas. Marcelo não tem de esclarecer nada.
A polémica à volta do tratamento dado às gémeas luso-brasileiras surgiu no início de Novembro.
Um momento central da reportagem da TVI – que originou este caso – foram palavras da mãe das crianças, que num salão de cabeleireiro falou sobre uma aparente influência de Marcelo Rebelo de Sousa.
Praticamente um mês e meio depois, a mãe das gémeas falou pela primeira vez (publicamente) sobre o processo.
Em entrevista à RTP, Daniela Martins falou sobre “e-mails para o hospital”, um deles encaminhado por um médico “para uma secretária, que não sei se era de Ministério, ou secretaria da Saúde”.
“Estávamos a tentar encontrar o caminho que tinha de ser feito, por isso foram distribuídos vários e-mails“.
Por isso, a mãe das crianças não ficou surpreendida com o agendamento rápido da consulta: “Foi o resultado de todos estes pedidos”.
A mãe admite que se falou “nos corredores” do Hospital Santa Maria que ela tinha beneficiado de “alguma ajuda”. Portanto: “Tive a impressão de que eles pudessem ter feito alguma requisição“.
No entanto, Daniela assegura que nunca disse que tinha contactos com o presidente da República.
E nunca pediu ajuda directamente a Marcelo. Pediu ajuda “de maneira indirecta, a todas as pessoas”. Porque tinha “um grito de socorro”.
Reforça que enviou inúmeros e-mails, a pedir ajuda a muitas pessoas. “Até a minha prima ajudou a enviar e-mails, com todos esses pedidos”.
“E os e-mails chegaram a pessoas que eu não tenho controlo. Isto é uma corrente”, completou Daniela Martins.
Marcelo não tem nada para esclarecer
Marcelo Rebelo de Sousa garantiu nesta quinta-feira que vai reagir “em conformidade” quando houver conclusões da parte da justiça sobre o “caso das gémeas” — que visa alegadas pressões políticas para administrar um dos medicamentos mais caros do mundo a duas gémeas brasileiras cuja família terá chegado ao Governo através de uma suposta intervenção do filho de Marcelo, Nuno Rebelo de Sousa.
Em declarações aos jornalistas, Marcelo preferiu não comentar a auditoria do hospital de Santa Maria, que fala de uma intervenção do secretário de Estado da Saúde, António Lacerda Sales, no caso.
“Esse documento vai ainda para outras instâncias oficiais. Trata-se da investigação do hospital, que vai ser enviado para o Ministério da Saúde, segue a sua tramitação e provavelmente irá para a PGR”, disse, preferindo não “opinar” sobre o documento “a meio de um processo”.
“Vamos esperar pelo apuramento da realidade”, sublinhou. “Se a realidade apurar que houve em alguma fase qualquer coisa que foi ilegal, seja ilegal da parte de quem exerce funções públicas, seja ilegal da parte de quem é um mero privado, naturalmente aí funciona a justiça.”
Questionado sobre se considera ter de esclarecer algo sobre a atuação do seu filho, Marcelo afirmou que não. “Não tenho de esclarecer nada. Quem tem de esclarecer é quem está a investigar. E depois de investigar ou conclui que há qualquer coisa que se passou bem ou qualquer coisa que se passou mal. Eu reagirei em conformidade”, sublinhou.
Marcelo também destacou que a posição interna da Casa Civil da Presidência da República era uma “posição de princípio” de que deveria haver prioridade a quem era residente em Portugal — mas garantiu não ter conhecimento de qualquer lista de espera de residentes e de não residentes.
ZAP // Lusa