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Dois mil trabalhadores em risco de despedimento e impedidos de converter prémios na Farfetch

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Techcrunch / Flickr

José Neves, o diretor executivo e fundador da Farfetch

“Silêncio quase total” numa “casa a arder”. Plataforma de moda de luxo em queda na bolsa cancelou a apresentação de contas, impedindo a conversão dos prémios que atribuiu sob a forma de ações.

A plataforma de moda de luxo Farfetch pode vir a dispensar 25% do total de trabalhadores após meses de quedas abruptas nas ações.

São entre 1700 e 2000 trabalhadores em risco de ficarem desempregados — mais do dobro dos 800 antes previstos — avançam vários trabalhadores da fábricas assentes no Porto e Guimarães ao jornal Público esta terça-feira.

“Sabemos mais pelas notícias lá fora do que cá dentro”, disse uma funcionária da empresa em Portugal ao jornal.

A empresa, que chegou a valer 1000 milhões de euros, vive uma queda a pique a nível financeiro e de momento equaciona mesmo sair do mercado bolsista, onde entrou em 2018 com ações a rondar os 18 euros cada; subiu até aos 70 euros, mas atualmente o seu valor ronda os 65 cêntimos, segundo a RTP. Vale hoje menos de metade.

Contactada pelo matutino, a empresa remete-se ao silêncio, após ter cancelado, em novembro, a apresentação dos resultados trimestrais sem explicação.

Há poucos dias, o presidente da empresa chinesa Ali Baba saiu do Conselho de Administração da Farfetch, também sem qualquer justificação.

“Casa a arder”. Trabalhadores impedidos de converter prémios

A saída da bolsa afeta diretamente os trabalhadores das fábricas da empresa, uma vez que a Farfetch paga prémios de desempenho com ações, ou mais precisamente, com “restricted stock units” (RSU).

As RSU são uma forma de compensação oferecida por empresas aos seus empregados e funcionam como opções de ações, mas têm diferenças significativas.

Ao contrário das opções de ações, que oferecem o direito de comprar ações a um preço específico, as RSU dão ao empregado o direito de receber ações após um período de vesting, normalmente ligado ao tempo de serviço ou a objetivos de performance.

Quando esse período termina, as ações são atribuídas ao empregado, que pode vendê-las ou mantê-las, mas as RSU são tributadas no momento da atribuição, baseando-se no valor de mercado das ações.

A empresa repartiu, em 2017, 37,1 milhões em ações pelos seus 1.300 trabalhadores em iniciativa que visava compensar todas as equipas — “Farfetch para Todos”.

Agora, os mais afetados são os que recebem estes prémios sob a forma de RSU. Pagam hoje milhares de euros ao fisco por um prémio que já não vale quase nada, estando impedidos de converter as RSU — só o podem fazer depois da apresentação de contas, adiada sem justificação pela empresa, na véspera.

O “silêncio quase total” é o que mais preocupa os trabalhadores. “É uma casa a arder” confessa um dos trabalhadores. Pedem-nos que continuemos a trabalhar normalmente. Mas como é possível quando ninguém sabe se amanhã tem emprego?”, questiona.

ZAP //

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5 Comments

  1. @beldroega, típico comentário de tuga invejoso…ah povinho miserável e “pequenino”, que fica contente com a desgraça dos outros, sim, a dos trabalhadores, porque os donos estão a borrifar-se, mais milhão menos milhão…

    Que bom, ter saído deste canteiro cheio de míldio…cada vez mais só mesmo bom para vir passar férias e uns fins de semana…assim ainda se aprecia.

  2. só lamentar o que venha a suceder aos empregados…
    Quanto aos donos certamente saem “bem calçados”.
    Noticias destas nesta altura de natal e de muitas compras a situação certamente só piora porque quem pretendia comprar através desta empresa certamente já não o vai fazer com o receito de não vir a receber a encomenda.

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