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A economia da Irlanda confunde os economistas

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Ardfern / Wikimedia

Banco da Irlanda

Fundo soberano de 100 mil milhões; mas o PIB sobe 12% para depois descer 5%… Como assim? Concorrência fiscal é central.

O título parece confuso mas é a realidade: a economia da Irlanda está a confundir os economistas.

Há números e opções que confundem os especialistas, salienta o jornal Handelsblatt.

O primeiro destaque: o PIB. O Produto Interno Bruto (PIB) subiu 12% no ano passado mas, no primeiro trimestre deste ano, desceu praticamente 5%.

O país tem o segundo mais alto rendimento nacional per capita na União Europeia.

É um dos poucos países europeus com um excedente orçamental: quase 10 mil milhões de euros.

Isto num Estado que teve de resgatar os bancos em dificuldades durante a crise financeira de 2008 e que… quase faliu. Mas agora é um Estado tão rico que o Governo de Dublin quer criar o seu próprio fundo soberano: serão “apenas” 100 mil milhões de euros. Aproximadamente.

A ideia é tentar “dar a volta” ao maior risco económico do país: a grande dependência nos impostos das empresas internacionais.

Mas…

…ao contrário do algodão, o PIB engana, avisa o economista Kieran McQuinn: “Os números do PIB distorcem o estado real da economia irlandesa”.

É preciso olhar para a procura interna, deixando fora as actividades (muito flutuantes) das grandes empresas estrangeiras dos sectores tecnológico e farmacêutico sediados na Irlanda.

E, aí, apesar da queda do PIB – que deve ser confirmada no final deste ano – a procura interna vai aumentar quase 2%. Com taxa a longo prazo que pode chegar aos 3%.

Segundo o economista, o PIB cai em 2023 porque há menos exportações do sector farmacêutico e por causa dos aumentos das taxas de juro por parte dos principais bancos centrais.

Com excedente orçamental, a dívida tem sido cada vez mais pequena e está próxima dos 43%.

Impostos sobre empresas

A concorrência fiscal tem sido essencial. O imposto sobre as empresas (o nosso IRC) é muito baixo, comparando com tantos outros países: 12,5%. Em Portugal, por exemplo, é 21%.

E isso atraiu muitas empresas dos EUA, sobretudo. Querem impostos mais baixos. A Apple é um desses casos.

As estimativas apontam que um terço do total de receitas fiscais sobre as empresas – entre 2017 e 2021 – seja proveniente de apenas três empresas (tecnológicas e farmacêuticas). E um terço da receita fiscal total do país vem dos impostos sobre as empresas.

Até Bono comenta o assunto: “A concorrência fiscal trouxe ao nosso país a única prosperidade”, analisou o vocalista do grupo U2.

Mas o Ministério das Finanças avisa: há o tal risco de depender demasiado destes fluxos de receitas para financiar medidas permanentes. Se uma empresa grande treme, toda a cadeia económica nacional treme.

No entanto, lá como cá, há um grande problema chamado habitação. As empresas sabem que a Irlanda é uma oportunidade de crescimento mas a falta de casas no mercado é um obstáculo.

E há outra questão: o clima. A Irlanda é o segundo país da União Europeia com maiores emissões de dióxido de carbono e metano.

ZAP //

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3 Comments

  1. A Irlanda já não devia surpreender ninguém!!!?
    Caça os negócios aos americanos e mesmo europeus com impostos baixíssimos e logicamente o dinheiro. Só que o dinheiro não fica lá. É “lavado” e regressa ao mercado normal.
    O melhor exemplo é a Apple mas há muitíssimas mais.
    Andei 15 dias a passear de mota pela Irlanda e percebi perfeitamente como aquela gente vive.
    Se puderem façam-no e percebem logo o que se passa.

  2. Uma economia eminentemente financeira (e por isso sujeita a fortes flutuações) e um paraíso fiscal camuflado. São estes os segredos do “sucesso” irlandês. Nada que nos interesse replicar…

  3. o baixo IRC das multinacionais em parte é uma explicação para o sucesso contudo um país com a mesma area de portugal, metade da nossa população e têm quase o triplo das exportações !! produzimos bem como ninguem e vendemos mal como ninguem !

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