Os nomes de Diogo Lacerda Machado e de Vítor Escária, arguidos da Operação Influencer e próximos de António Costa, também surgem envolvidos nas negociações relativas ao novo aeroporto de Lisboa, com ligações ao consórcio que promove a solução de Santarém.
Lacerda Machado, amigo de António Costa, e Escária, ex-chefe de gabinete do primeiro-ministro, terão participado em reuniões do consórcio que apresentou a opção Santarém para a localização do novo Aeroporto de Lisboa.
Este dado é avançado por uma investigação do programa “A Prova dos Factos” da RTP1 que chegou a uma teia de interesses que envolve os dois homens constituídos arguidos na Operação Influencer devido a negócios relacionados com o lítio e com um centro de dados em Sines.
A localização do futuro aeroporto de Lisboa é uma “novela” sem fim à vista e entre as dezenas de opções estudadas, surge Santarém. Uma hipótese que apareceu de forma surpreendente e que levanta diversas questões, nomeadamente por ficar de fora do raio de 75 quilómetros que concede à ANA – Aeroportos de Portugal e à Avinci os direitos de exploração exclusiva.
O projecto de Santarém é liderado pelo consórcio Magellan 500 que reúne vários investidores, entre os quais o empresário Humberto Pedrosa, dono do Grupo Barraqueiro que integrou a gestão da TAP com David Neeleman.
Mas, para lá disso, sabe-se muito pouco – o projeto tem estado envolvido em “secretismo” desde o início.
A “apresentação-chave” do projecto foi feita “ao primeiro-ministro em princípios de Agosto”, “juntamente com o decisor público do PSD”, relata à RTP1 um elemento que representa o consórcio, Carlos Brazão.
“Ficaram agradavelmente impressionados com a qualidade do projecto” e decidiu-se que entraria “na resolução do Conselho de Ministros na análise estratégica” sobre o novo aeroporto, acrescenta Brazão.
Essa primeira reunião de apresentação foi agendada por Escária, “na qualidade de chefe de gabinete do senhor primeiro-ministro”, diz ainda o elemento do consórcio.
“Contactámos centenas de pessoas desde o princípio e, nesse espírito, falamos também com o doutor Diogo Lacerda Machado“, mas apenas “no âmbito da partilha do projecto”, sublinha ainda Brazão. Um contacto como qualquer outro que não teve a intenção de obter “apoio nenhum”, assegura.
Contudo, esse não é o entendimento de um grupo de cidadãos preocupados com o impacto ambiental de certos negócios, e que apresentou uma queixa na Procuradoria-Geral da República (PGR), detalhando as ligações entre os arguidos da Operação Influencer e os elementos da Comissão Técnica Independente (CTI) que está a avaliar as várias soluções para o novo aeroporto.
Esta queixa denuncia ainda um “aparente favorecimento” que a CTI pode ter dado a empresas de alguns dos seus membros.
Portanto, questiona-se “que interesses é que estão por trás e de que forma o Governo tomou uma iniciativa de facilitar, ou não, determinadas opções“, analisa o consultor de aviação civil Pedro Castro em declarações à RTP1.
Neste processo, é preciso ainda recordar que Lacerda Machado tem ligações a Humberto Pedrosa e integrou a administração da TAP após ter sido nomeado pelo Governo.
“Manda quem pode, obedece quem tem juízo”
A exposição à PGR foi apresentada pelo advogado Miguel dos Santos Pereira em nome do grupo de cidadãos. Em causa podem estar crimes de “abuso de poder”, de “prevaricação ou de corrupção”, como relata à RTP1.
“Manda quem pode, obedece quem tem juízo”, analisa ainda o advogado, sublinhando que “quem quer continuar em cargos nomeados acaba por decidir da forma como sabe que quem manda quer que seja decidido”.
Escária seria o elo de ligação entre a CTI e o Governo e “mantinha contacto frequente com a presidente da Comissão [Maria do Rosário Partidário]”, assegura a RTP1.
“Quem falava directamente com a professora Maria do Rosário Partidário era o chefe do gabinete do primeiro-ministro [Vítor Escária]”, reforça Miguel dos Santos Pereira. Assim, “a ligação é à cabeça do Governo”, atira.
Analisando este e outros casos, Pedro Castro destaca na RTP1 que “o problema quando um país tem este cancro das influências e dos tentáculos é que, no final, qualquer negócio vai sempre parar à mesma mão”.
Neste âmbito, “cada vez que há um negócio de interesse nacional”, o que acontece são “jogatas privadas, de famílias ou de empresas, que pertencem a um grupo de pessoas ligadas ao poder político e que distribuem os benefícios”, realça o consultor de aviação civil.
Ajuste directo a empresa de membro da CTI
A CTI tem estado envolvida em polémica, nomeadamente porque gastou 1,26 milhões de euros em contratos públicos por ajuste directo de um orçamento total de 2,5 milhões de euros.
Um dos contratos, em particular, destaca-se por envolver o valor mais elevado e uma empresa que tem como accionista Rosário Macário, um dos membros da própria CTI.
Essa empresa – a TIS PT – recebeu mais de 213 mil euros para estudar a procura aeroportuária e para fazer uma avaliação ambiental estratégica.
A presidente da CTI assegura à RTP1 que o processo de contratação pública “decorreu no mais escrupuloso cumprimento de todos os procedimentos legais exigíveis”.
Em resposta enviada à RTP1, Maria Rosário Partidário sublinha ainda que Rosário Macário “não participou em nenhuma fase do procedimento” e que “não exerce funções executivas há vários anos” na dita empresa, tendo renunciado ao cargo de administradora não-executiva em Novembro de 2022.
Mas alguém ainda não sabe que este negócio do aeroporto envolve uma teia de interesses e “jogatas” ???
Parece um saco de gatos. Este país não tem hipótese de ir em frente com tamanha quadrilha a actuar. Ficamos sempre fornicados. E o mais espantoso é que num país da UE não se vê ninguém sair daqui culpado de nada. São todos uns gajos e gajas porreiros, patriotas do coração, desejosos de se abotoarem com a parte deles. Sim senhor. Haveria uma solução para um país com este problema: era encostá-los a uma parede… Assim, com este exemplo, garanto que tão cedo não teríamos fdp deste quilate a fazerem de nós minhocas miseráveis e insignificantes!!!!!
Ainda não há conclusões sobre o inquérito que derrubou a Assembleia Nacional e já se perfilam mais escândalos de negócios escuros dos mesmos protagonistas! Será para esconder o gato que tem o rabo de fora? Ainda os negócios não aconteceram e os membros da claque já reclamam do golo que ninguém meteu… E tudo debaixo do santo manto da quebra do segredo de justiça! Mas que justiça anda nas mãos de tantos santos…
Não foi construido um aeroporto em Beja? Para que serve? Quanto custou? A quem? E… alguém ganhou com isso?
já que construíram um aeroporto em Beja, porque não usá-lo agora? Basta fazer uma boa ligação ferroviária (de alta velocidade) a Lisboa e ao Algarve e tínhamos o problema resolvido.
Voto nisso !