Deputado socialista assegura que o partido não vai falar sempre de Justiça, que não cria batalhas internas e dá prioridade aos salários.
Foi a confirmação: Pedro Nuno Santos apresentou a sua candidatura à liderança do Partido Socialista (PS). E os muitos presentes na sala aplaudiram – muito.
Quando anunciou a candidatura, a ovação foi prolongada e os gritos de entusiasmo foram bem audíveis.
Destacou logo a presença do antigo líder parlamentar socialista Francisco Assis, conotado com a ala direita deste partido, no apoio à sua candidatura a secretário-geral do PS.
Com a sala principal de reuniões da sede nacional do PS a abarrotar de militantes e simpatizantes deste partido, o antigo líder da JS considerou que este “é um momento difícil na vida da sua força política” e assumiu que cometeu erros no seu percurso político: “Os erros e cicatrizes; os que carregamos fazem parte das nossas vidas”.
Perante centenas de militantes e simpatizantes socialistas, que encheram a sede nacional do PS, o ex-ministro das Infraestruturas e da Habitação prometeu que, se for eleito líder deste partido, terá uma ação caracterizada pelas apostas na concertação social e pelo diálogo.
Assegurou que não quer criar batalhas internas. E recordou o seu passado: “Sou neto de sapateiro e filho de empresário. A produção na minha terra nunca se fez colocando umas pessoas contra as outras“.
Referiu-se em particular ao legado do ainda líder do partido e primeiro-ministro, António Costa, ao fim de quase oito anos de Governo, elogiando-o, sobretudo por “romper os muros” ao criar um Governo à esquerda em 2015: “Teve a iniciativa de desfazer o bloqueio que colocava em desvantagem o PS perante a direita”.
Mas também deixou outros elogios ao ainda primeiro-ministro, pela forma como lidou com os incêndios em 2017, com a pandemia e pelos números que deixa no emprego em Portugal.
Sobre o processo judicial que envolve Costa, salientou a prioridade no combate à corrupção, a presunção da inocência, o respeito pela independência das magistraturas, e deixou o recado: “O PS não vai passar os próximos quatro meses a discutir um processo judicial”, apesar de não ignorar o que tem acontecido.
Na sua lista de três preocupações estão os salários, a habitação e a valorização do território.
Também deixou recados para o PSD. Ou melhor, para “a direita”: fez várias promessas que, alega, não cumpriu e agora já prometeu que não se vai coligar com a extrema-direita, “quando é precisamente isso que se prepara para fazer”.
Já a fechar o seu discurso, comentou que faz “pouco sentido” em falar sobre uma alegada divisão dentro do PS, onde não há uma disputa entre “moderação e radicalismo”.
Quando acabou de falar, após inúmeros sorrisos, quase desaparecia nas imagens televisivas: diversos socialistas invadiram o palco para cumprimentar o candidato à liderança do seu partido. Isto já depois de ter demorado minutos a chegar perto do microfone, devido a tantos cumprimentos e abraços.
ZAP // Lusa