O ministro da Administração Interna José Luís Carneiro poderá surpreender os portugueses (e Pedro Nuno Santos), ao candidatar-se a secretário-geral do PS – ou até mesmo a suceder António Costa na pasta de primeiro-ministro.
Marcelo Rebelo de Sousa deverá dissolver o parlamento, esta quinta-feira, e antecipar eleições.
Nesse cenário, o Partido Socialista (PS) convocará um congresso extraordinário para dezembro, a fim de escolher o novo secretário-geral do partido.
Pedro Nuno Santos é o nome mais badalado, para o cargo.
No entanto, a surpresa pode estar em José Luís Carneiro.
Muitas vezes passado despercebido, o atual ministro da Administração Interna é considerado um dos nomes fortes do aparelho.
Não tem – até ver – polémicas associadas, numa pasta considerada “difícil”, e isso esse é um indicador que os eleitores valorizam, numa eventual eleição.
De acordo com o jornal Público, José Luís Carneiro está a mesmo a ponderar candidatar-se a secretário-geral do PS.
A fonte do matutino refere que o movimento de apoio a Carneiro está já implantado em todos os distritos do país e “abrange muitas pessoas com grande implantação na sociedade civil (…) numa candidatura defensora do pluralismo democrático, humanista e reformista”.
“É provável que José Luís Carneiro venha a ser apoiado por alguns dos que eram apontados como potenciais candidatos a secretário-geral”, pode ler-se.
Caso Marcelo não dissolva a assembleia, o novo primeiro-ministro seria escolhido internamente: com Pedro Nuno Santos e José Luís Carneiro a serem, igualmente, os nomes mais prováveis para essa sucessão a António Costa.
Este seria um cenário inédito na história da democracia portuguesa.
No entanto, há ainda um terceiro cenário (muito menos provável).
Caso Marcelo Rebelo de Sousa decida não dissolver o Parlamento nem dar a liberdade ao PS para escolher um primeiro-ministro dentro do partido o Chefe de Estado poderia formar um “governo de iniciativa presidencial”.
Aqui, o próprio presidente convidaria uma personalidade para liderar o executivo.
Em Portugal, só houve três governos deste tipo – todos eles nomeados por António Ramalho Eanes (e todos de seguida).
Maria de Lourdes Pintasilgo foi uma das eleitas neste regime. Os restantes foram Alfredo Nobre da Costa (1978) e Carlos Mota Pinto (1978-1979).