O comité do Boletim de Cientistas Atómicos alertou esta semana para as ameaças à Humanidade, como a guerra nuclear e as alterações climáticas, e adiantou os ponteiros do “relógio do Juízo Final” para três minutos antes da meia-noite.
O relógio, que é uma imagem figurada em que a meia-noite representa o “Juízo Final”, converteu-se num indicador universalmente reconhecido da vulnerabilidade do mundo às ações do homem e ao avanço da tecnologia para fins que podem levar à nossa destruição.
A última vez que estivemos tão “próximos do Apocalipse” foi em 1984, em plena Guerra Fria.
A diretora executiva do Boletim, Kennette Benedict, indicou, durante uma conferência de imprensa, em Washington, que a modernização das armas nucleares e o aquecimento global representam uma ameaça “extraordinária e desigual” para a existência da Humanidade.
“A probabilidade de uma catástrofe global é muito alta”, advertiu o grupo de cientistas, que inclui 17 Prémios Nobel, que se reúnem anualmente para avaliar o dano que a ação do homem pode causar ao planeta.
Os cientistas indicaram que os líderes mundiais falharam na redução dos arsenais nucleares para um nível necessário que garanta a segurança dos cidadãos perante uma hipotética catástrofe nuclear.
Pelo contrário, países como a Índia, o Paquistão ou Israel continuaram a investir na modernização das suas armas nucleares, indicou Sharon Squassoni, membro do programa de prevenção da proliferação do Centro de Estudos Estratégicos e Internacionais, que destacou que os EUA e a Federação Russa ficaram aquém do necessário para reduzir os respetivos arsenais.
O grupo entendeu também que não se fez o suficiente para evitar o aquecimento global, que pode elevar a temperatura média do planeta entre três e oito graus centígrados até ao final do século, algo que, assegurou, será “catastrófico” para a Terra.
A gravidade destes perigos levou os cientistas a adiantar o relógio em dois minutos, depois de ter estado nos últimos três anos nos cinco minutos para a meia-noite.
Os cientistas pediram aos políticos e aos cidadãos que tomem medidas quanto antes porque, fundamentou um investigador da Instituição Scripps de Oceanografia, da Universidade da Califórnia, Richard Somerville, “ainda não é tarde para agir no combate às alterações climáticas, mas as oportunidades também acabam”.
Este cientista acrescentou que as alterações climáticas “não têm nada que ver com política ou ideologia, mas sim com as leis da química, da física e da biologia”, as quais, sublinhou, “não são negociáveis”.
Somerville disse ainda que a ciência já demonstrou “amplamente” que a ação humana é a causa do aquecimento global e alertou que a falta de recursos naturais, como a água devido a secas, pode ser um fator de agravamento de conflitos internacionais.
Desde que foi criado, em 1947, o relógio já foi ajustado 18 vezes.
A última vez que o relógio foi alterado foi em Janeiro de 2012, quando avançou um minuto dos seis para os cinco para a meia-noite.
A vez em que esteve mais perto da meia-noite foi em 1953, quando os EUA e a então União Soviética estavam a desenvolver a bomba de hidrogénio.
Ao contrário, as mudanças políticas na Europa de Leste permitiram que os ponteiros fossem afastados da meia-noite para os 17 minutos, em 1991.
/Lusa