
O Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, na Universidade de Verão do PSD, em Castelo de Vide
Esta quarta feira, Marcelo Rebelo de Sousa disse que quer deixar como legado dos seus mandatos “a proximidade com as pessoas”, admitindo que por vezes com o risco de uma competição “não desejada” com populistas.
Marcelo Rebelo de Sousa disse, esta quarta-feira, que quer ser lembrado como “presidente de proximidade (…) apesar dos riscos”.
“Se eu conseguir chegar ao fim do mandato tendo preenchido esse objetivo, posso não ter preenchido outros, mas esse está atingido, espero que os meus sucessores esse não percam e, naquilo que eu falhei, façam muito melhor do que eu”, desejou.
O Presidente da República disse-o, ao lado de Luís Montenegro, numa intervenção da Universidade de Verão do PSD, quando, ao fim de mais de duas horas, aceitou desviar-se do tema único que tinha definido para o jantar-conferência: a Ucrânia.
Por ter fugido a outras questões nacionais, como os problemas na habitação, a questão até lhe foi colocada de forma metafórica: “Imagine-se como Presidente da Ucrânia, com um primeiro-ministro como António Costa e um líder da oposição reformador como Luís Montenegro. Imagine-se a meio do mandato, qual o legado que deixa às gerações futuras, como gostaria de ser lembrado?“.
Desta vez, o Presidente da República considerou a pergunta “facílima de responder” e dispensou a metáfora ucraniana.
“O que eu gostaria de deixar, eu acho que provavelmente aquilo que talvez deixe é ter sido um presidente de proximidade”, definiu.
O chefe de Estado considerou que o grande problema dos políticos é a “descolagem das pessoas”, e disse ter feito “tudo o que era possível para responder a essa quebra, a essa desvinculação”.
“Ter procurado a proximidade em todas as circunstâncias, às vezes com riscos, como seja o risco de, para se estar junto das pessoas, estar-se em competição com forças ditas populistas, uma concorrência não querida, não desejável, nem desejada”, disse, justificando a necessidade de aparecer primeiro seja num fogo, num acidente ou num problema registado na administração pública.
Na sua décima participação da Universidade de Verão do PSD – a primeira presença de forma presencial desde que é Presidente da República -, o diretor da iniciativa, o eurodeputado Carlos Coelho, considerou-o uma das almas da academia de formação política e brindou-o com um filme das suas anteriores participações, a primeira em 2005.
Marcelo Rebelo de Sousa justificou a sua primeira presença de forma presencial desde que é Presidente da República, na Universidade de Verão do PSD, em Castelo de Vide, por considerar que as anteriores intervenções como chefe de Estado – por escrito em 2018 e por vídeo no ano passado – eram “uma coisa muito fria”.
“A russofobia é estúpida”
A propósito do tema único de que quis falar, Marcelo Rebelo de Sousa salientou que Portugal “é o país da Europa em que há maior apoio à Ucrânia”.
O chefe de Estado quis, no entanto, deixar claro que nunca alimentou a russofobia, considerando “um disparate” tentar omitir a cultura russa.
“Isso é uma coisa sem senso, e quem pensa assim, quem reage assim, perde uma boa parte da sua razão quando defende a causa que quer defender. É uma forma estúpida de defender uma causa, que é realmente uma ofensa à inteligência e uma ofensa àquilo que deve ser a nossa visão do mundo”, afirmou.
O Presidente da República elogiou ainda a capacidade da União Europeia atuar unida nesta guerra – “se se tem desunido, perdia o seu papel no mundo”.
Quando questionado se o país beneficiaria de ter um português à frente do Conselho Europeu, Marcelo respondeu de forma genérica.
“Se Portugal ganha em ter um português em postos chave na organização do mundo? Isso ganha, parece uma evidência“, disse, sem se alongar sobre o tema, numa pergunta que parecia ter como destinatário o futuro do primeiro-ministro António Costa.
ZAP // Lusa