Paulo Portas avisa: para o espaço não socialista, a prioridade é uma alternativa a António Costa; não é um sucessor para Marcelo Rebelo de Sousa.
O antigo líder do CDS-PP Paulo Portas defendeu esta terça-feira que a prioridade do espaço não socialista deve ser construir uma alternativa para suceder ao primeiro-ministro António Costa e não procurar um sucessor para o Presidente da República.
O antigo vice-primeiro-ministro foi o orador convidado do jantar-conferência da Universidade de Verão do PSD e, apesar de ter ‘avisado’ que nos próximos tempos só falaria de eleições presidenciais norte-americanas, deixou um conselho ao centro-direita em Portugal.
Questionado por um dos cerca de cem ‘alunos’ sobre qual o perfil e características que deveria ter o próximo Presidente da República, Portas respondeu de forma indireta.
“A mim parece-me que para o espaço não socialista a prioridade é construir uma alternativa que suceda ao dr. António Costa, não é encontrar um sucessor para o professor Rebelo de Sousa. Mas obrigadinho pela pergunta”, respondeu, recebendo muitos aplausos da sala.
No início da sua longa intervenção – uma hora em vez da meia hora prevista -, o comentador televisivo já tinha deixado um aviso sobre a matéria que entrou na atualidade política depois de o antigo líder do PSD Luís Marques Mendes ter admitido no domingo poder ser candidato a Belém caso tal se prove “ter utilidade para o país”.
“Quando estava a vir para aqui, li que hoje seria a minha ‘rentrée’. A minha ‘rentrée’ é no domingo com o Global [programa de comentário televisivo na TVI, do mesmo grupo da CNN Portugal], onde falarei de eleições presidenciais, mas daquelas que vão acontecer nos Estados Unidos em 2024”, ironizou.
China, EUA, guerra
Esta foi a única matéria de atualidade nacional abordada de forma muito breve por Paulo Portas ao longo das mais de duas horas – durante as quais foi bebendo vários cafés – que durou a conferência seguida do período de perguntas e respostas, dedicada totalmente à política externa.
O comentador televisivo e administrador não executivo da Mota-Engil disse querer dar aos participantes – com uma idade média de 21 anos – uma visão global sobre o mundo em que viverão, e pediu-lhes repetidamente que “tomem cuidado”, alertando para a crescente polarização do mundo entre China e Estados Unidos, o politicamente correto que “acha que pode reescrever a história” ou o aumento da influência das redes sociais na definição das prioridades políticas e da chamada cultura de conflito.
“A base da democracia é o compromisso, não é o conflito verbal que se aproxima do conflito físico. Quem ganha sabe ganhar, quem perde sabe perder, não é o insulto permanente”, defendeu.
Sobre a crescente influência da Internet na formação de opiniões políticas, Portas rejeitou que a solução possa passar pela censura, mas defendeu uma obrigação para quem abre uma conta numa rede social de se identificar perante as plataformas – evitando perfis falsos – e questionou se não deve haver “um certo grau de responsabilidade penal” para as plataformas quando permitem incitamentos ao cometimento de crimes.
“As pessoas estão a ficar treinadas num modo de ver o mundo em que já não querem saber os factos, só querem ler, ouvir e ver coisas que confirmem o seu preconceito já existente. À esquerda e à direita, tomem cuidado com a ideia de que não há diferença entre verdade e mentira”, apelou.
O antigo líder do CDS-PP deixou ainda um pedido aos jovens para que resistam ao cansaço da guerra na Ucrânia, admitindo que esta é “um insulto à inteligência” desde o primeiro dia.
“A arma de Putin é o vosso cansaço, é a fadiga do Ocidente. Se não tiverem mais razões, pensem que se Putin prevalecer na Ucrânia não pára na Ucrânia. O próximo passo será dentro das fronteiras da União Europeia e da NATO: é a razão mais direta para que a Europa faça o que está ao seu alcance para que a Rússia não triunfe na Ucrânia”, defendeu.
No final da sua primeira participação na Universidade de Verão do PSD, Portas disse ter “gostado imenso” de ali estar, apesar das “horas inauditas” a que irá chegar a Lisboa, atenuadas talvez pelos vários cafés que foi bebendo ao longo da noite.
// Lusa
Porque será que todos os cãodidatos são sempre comentadores das tvs?
Caro Luís , está mais que visto que para vir a ser P.M ou mesmo P.R , tem que constar obrigatoriamente no C.V o Doutoramento de Comentador TV . Só vejo essa explicação , nem seria preciso mais nenhuma Formação Académica !