As últimas sondagens da corrida às presidenciais de 2024 mostram que as acusações de que Donald Trump está a ser alvo estão a ter um impacto positivo. O ex-presidente dos EUA tem agora uma margem muito mais confortável do que antes das acusações, em relação ao seu rival republicano, Ron DeSantis.
Atualmente, Donald Trump está a enfrentar três processos criminais distintos que totalizam 78 acusações.
Um é referente aos pagamentos feitos à atriz pornográfica Stormy Daniels em 2016, outro sobre a retenção imprópria de documentos classificados, e o mais recente sobre as tentativas de subverter os resultados das presidenciais de 2020.
Curiosamente, estes processos criminais estão a dar a Donald Trump um impulso significativo nas sondagens, a menos de seis meses do início das primárias Republicanas para escolher o candidato às presidenciais de 2024.
Segundo o agregado de sondagens calculado pela plataforma especializada FiveThirtyEight, Donald Trump tem agora o apoio de 53,3% do eleitorado Republicano, 39 pontos acima do candidato rival mais próximo, Ron DeSantis.
Em fevereiro, antes das acusações terem sido oficializadas, Trump liderava com uma margem muito inferior: 41% contra 39% de Ron DeSantis.
“As acusações parecem estar a tornar mais firme o seu apoio no Partido Republicano”, disse à Lusa o cientista político Thomas Holyoke. “Se as primárias fossem hoje, ele seria o candidato Republicano”.
Segundo o professor, que leciona na Universidade Estadual da Califórnia em Fresno, o dinamismo da campanha de Trump face às acusações deve-se à perceção dos seus apoiantes sobre os motivos do Departamento de Justiça e do procurador especial federal Jack Smith.
Na semana passada, Donald Trump foi indiciado pelas tentativas de inverter o resultado das eleições presidenciais de 2020.
Trump vs. Biden
“As pessoas sentem que isto é um governo vingativo que está a usar armas contra ele, porque Trump está a ter um desempenho relativamente bom nas sondagens”, indicou Holyoke. “Até mesmo no embate direto contra Biden”.
É isso que reflete uma nova sondagem do The New York Times (NYT) e Siena College, que questionou eleitores sobre em quem votariam se a decisão fosse entre o atual presidente Joe Biden e o ex-presidente Donald Trump.
Os resultados mostram um empate entre os dois, cada um com 43% das intenções de voto, sendo que Trump conseguiu mais apoio dos Republicanos que Biden dos Democratas: 88% versus 83%, respetivamente.
No entanto, sublinha o politólogo Thomas Holyoke, as ilações que se podem retirar destas sondagens com perguntas hipotéticas são muito poucas.
“Neste ponto, isto não indica muito sobre nada”, afirmou. “Uma sondagem em que Trump parece estar empatado com Biden não é muito significativa neste momento”.
O professor referiu que os eleitores ainda não estão focados nas eleições e que é demasiado cedo para tentar perceber em quem votarão. “Este ainda não é o momento em que podemos começar a dar muito peso às sondagens sobre eleições presidenciais”.
Holyoke considerou que até mesmo uma sondagem publicada dentro de um ano, em agosto de 2024, não terá um peso assim tão grande – embora muitos dos problemas legais de Trump devam ganhar bastante mais visibilidade.
“Isto indica, em parte, que muita gente não está de todo focada nos problemas legais de Trump”, analisou. “Muita gente não parece saber muito sobre isso, têm as suas vidas para se preocuparem e não estão preparadas para se focarem em política presidencial”.
Isso poderá mudar em 2024, principalmente se algum dos julgamentos de Donald Trump for transmitido na televisão.
“Este é um território completamente desconhecido”, sublinhou Holyoke. “Não consigo decidir se ajudará ou prejudicará Trump ter um ou mais julgamentos transmitidos na televisão”, continuou. “Por um lado, vão focar-se nas acusações contra ele, mas por outro será uma oportunidade de ele continuar a dizer como foi injustiçado”.
Até lá, é a base que está fixada na campanha de Donald Trump, com o eleitorado mais alargado pouco interessado nisso.
“Sabem que Trump não é um bom tipo, mas muita gente continua a não estar muito confortável com o trabalho que Biden fez com a economia”, reforçou Holyoke. “Isso mostra o quanto Biden tem de trabalhar na sua mensagem, porque pôs a economia em muito boa forma”.
O analista sublinhou que a previsão dos economistas é de que os Estados Unidos evitaram a recessão e que o Presidente terá de “martelar” essa mensagem para a fazer chegar aos eleitores.
ZAP // Lusa