Apesar da aliança entre Moscovo e Pyongyang, a Ucrânia está a usar armamento norte-coreano na guerra.
Na última quinta-feira, Vladimir Putin fez questão de agradecer o “apoio firme” da Coreia do Norte à Rússia, frisando a ligação histórica dos dois países e os seus inimigos comuns no Ocidente, num discurso que foi transmitido pelos meios de comunicação estatais norte-coreanos.
No entanto, parece que, no terreno, não são os russos quem está a fazer uso do armamento norte-coreano. De acordo com o Financial Times, as forças ucranianas têm disparado mísseis produzidos na Coreia do Norte contra os russos.
O jornal avança que as armas norte-coreanas são disparadas com lançadores de mísseis da era soviética. Os mísseis observados pelo Financial Times estavam nas imediações de Bakhmut e um soldado ucraniano até avisou os jornalistas para não se aproximarem, alertando que as armas norte-coreanas são “muito pouco confiáveis e fazem coisas malucas às vezes”.
Ruslan, um comandante ucraniano, afirma ainda que os seus soldados não são grandes adeptos das armas norte-coreanas devido à sua baixa taxa de sucesso, com muitas a ter falhas na ignição ou a não explodir. A grande maioria foi fabricada nas décadas de 1980 e 1990.
Os soldados relatam que os mísseis foram apreendidos de um navio de um país “amigo” antes de serem entregues à Ucrânia. Já o Ministério da Defesa da Ucrânia tem outra versão, alegando que as armas foram roubadas à Rússia.
É altamente improvável que a Pyongyang esteja a fornecer munições directamente a Kiev, dada a proximidade de Kim Jong-un a Vladimir Putin. O ministro da Defesa russo, Sergei Shoigu, foi inclusivamente à Coreia do Norte esta semana para comemorar o 70.º aniversário do armistício da Guerra da Coreia.
Em Março, a Casa Branca disse ter evidências de que Moscovo estava a negociar um acordo com Pyongyang para a troca de armas e comida. O porta-voz do Conselho de Segurança Nacional, John Kirby, também alegou que a Coreia do Norte vendeu mísseis ao grupo Wagner no auge da batalha por Bakhmut, mas Prigozhin desreveu a acusação como “mexericos e especulação”.
Apesar dos problemas com os mísseis, os ucranianos continuam a usá-los. “Precisamos de todos os mísseis em que pudermos obter”, remata Ruslan.