“Reino do Pineal” é o nome assumido por uma comunidade de mais de 40 pessoas que se instalou em Oliveira do Hospital, no distrito de Coimbra, numa
quinta de 4,7 hectares, e que tem como objetivo constituir-se como um “estado soberano” dentro de Portugal.
Esta comunidade vive na freguesia de Seixo da Beira, em Oliveira do Hospital, e é liderada pelo britânico Martim Junior Kenny, um ex-cozinheiro que assumiu a identidade de Água Akbal Pinheiro depois de ter tido “uma experiência espiritual profunda”, como se explica no site oficial do “Reino do Pineal”.
Este evento “desencadeou e inspirou a sua viagem revolucionária de auto-descoberta e transformação” que o trouxe até Portugal, salienta-se ainda no site.
Água é apresentado como o “Ministro Chefe” e “Presidente Eleito” da comunidade, e ainda como “um filósofo espiritual, investigador esotérico e influenciador social”.
“Criou a sua nova identidade aos 36 anos de idade” após a sua “ordenação espiritual” em Portugal, refere-se ainda.
De chefe de cozinha a guru espiritual
O líder do grupo que pode ser definido como uma espécie de seita espiritual nasceu no Zimbabué, mas emigrou para o Reino Unido aos 20 anos de idade, “onde estudou e seguiu uma carreira como chefe de cozinha”, conta-se também no site.
Foi em terras britânicas que conheceu a sua companheira, a polaca Gabriela, identificada como secretária do reino e directora executiva da Fundação Pineal. O casal tem três filhos, dois nascidos em Inglaterra, e o mais novo já nascido em Portugal.
Gabriela, co-fundadora do “Reino de Pineal”, representou a Selecção Nacional Equestre da Polónia até aos 19 anos, ainda segundo o mesmo site que explica que cabe à mulher “a maior parte da administração” da Fundação que o casal criou, bem como o “estabelecimento e estruturação dos vários projectos comunitários” que esta terá em Portugal. No site, a página dos projectos está “em construção”.
Após o tal despertar espiritual, Água “mudou o seu estilo de vida dedicando-se à investigação do conhecimento ocultista e esotérico, bem como à adopção de várias outras práticas espirituais”. Acabou por se instalar em Portugal, com a família, em 2019, onde criou “uma eco-comunidade com uma escola de mistérios espirituais“, adquirindo alguns terrenos e lançando, assim, as bases do “Reino do Pineal”.
Depois disso, surgiu a Fundação Pineal que é “uma organização ambiental ecológica e de conservação espiritual” que assume o nome “Paraíso Imensurável”.
Com estes projetos pretende-se criar “uma nova sociedade” que assente em “políticas de princípios humanos espirituais, naturais e orgânicos de como viver em equilíbrio com a natureza”.
Água Akbal Pinheiro e Gabriela são os fundadores do “Reino do Pineal”.
Criar “uma nova ordem orgânica”
Em 2021, foi publicado no YouTube um vídeo que explica quais são os planos dos responsáveis do “Reino de Pineal” em Portugal. Nas imagens, apresentam-se os planos de expansão da comunidade, bem como os valores do investimento envolvido.
Além disso, sustenta-se que Oliveira do Hospital é um concelho envelhecido, com muitas casas abandonadas, o que oferece grandes potencialidades de crescimento para o “Reino de Pineal” – e é também uma oportunidade de “devolver a vida” às aldeias locais, sublinha-se.
Os problema do envelhecimento em Portugal e da desertificação do interior são também destacados no vídeo, com a nota de que isso torna o nosso país no ideal para estabelecer “uma nova ordem orgânica” e um novo “estado soberano”, com regras e leis próprias.
A escolha da região teve a ver com a qualidade do solo e com os níveis de chuva que favorecem a produção agrícola ao longo de todo o ano, nota-se também no vídeo que fala da intenção de “regressar a um modo de vida mais natural”.
O grupo defende a importância de “desconectar” do mundo exterior “inorgânico” e de “reconectar com a natureza e com os nossos verdadeiros eus superiores”.
Reino do Pineal tem passaporte próprio (e custa 30 euros)
No site desta comunidade, é possível perceber que até já tem um passaporte próprio, “um documento oficial para ajudar a identificar e distinguir os membros depositários, segurados e vivendo em confiança sob e dentro das apólices” do “Reino”.
Para ter acesso a este “Passaporte de Custódia Pineal”, como é definido, basta “ler e compreender totalmente” os princípios, leis e modos de vida do “Reino”, preencher um “juramento de intenção” que está no site e pagar “uma doação mínima de 30 euros”.
Este passaporte é um documento com várias páginas que inclui uma declaração com oito princípios, tais como “Todos têm deveres para com a Terra” e “Nenhum estado, empresa, grupo ou pessoa tem o direito à destruição da Terra; a terra, o ar e a água”.
Deste documento constam ainda os “valores fundamentais” do “Reino” que definem “como viver” e que são honra, Terra, abundância, respeito e confiança.
O passaporte inclui também indicações quanto a uma “taxa de equidade do tempo” que é “não voluntária”, ou seja, é obrigatória, mas sem que se explique o que é isto exactamente.
Assinala-se igualmente uma lista das “leis espirituais universais” que incluem a a “transmutação de energia”, a lei da causa e do efeito, e as leis de atracção, vibração, polaridade, ritmo e género, entre outras.
O passaporte inclui ainda as “leis naturais”, designadamente equidade e justiça, amar todos os seres, honrar a natureza, não matar e partilhar a abundância.
“A soberania é o parto natural”
Este “Reino do Pineal” aponta à independência em relação ao estado português.
No perfil da comunidade no Instagram, explica-se que a soberania “não é apenas sobre reclamar dinheiro” e “lutar contra o sistema”. Trata-se de “reclamar o nosso poder, de desaprender crenças programadas e de reaprender a verdade”, aponta-se ainda.
“A soberania é o parto natural”, sublinha-se também, notando que “é muito mais do que apenas direitos humanos – é a responsabilidade que temos sobre nós e sobre a Mãe Natureza”.
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Vizinho belga denunciou que as crianças não iam à escola
A comunidade “vive à margem do sistema” num regime de auto-sustentabilidade e com regras próprias, como vinca a revista Visão que dedica uma reportagem ao assunto, salientando que as autoridades portuguesas já estão a investigar.
O Ministério Público, o Serviço de Estrangeiros e Fronteiras e a Comissão de Protecção de Menores abriram inquéritos, segundo a Visão, após terem recebido um relatório da Câmara Municipal de Oliveira do Hospital.
O Correio da Beira da Serra explica, numa notícia de 26 de Agosto de 2022, que um “vizinho belga” apresentou queixa contra a comunidade, acusando-a de “excessivo barulho durante a noite, de terem crianças que não frequentam a escola” e de “terem transformado o espaço num acampamento selvagem, com comportamentos perigosos em época de incêndios, além de outras ilegalidades”.
Nessa altura, a autarquia terá tentado notificar a comunidade, “sem sucesso”, para legalizar aquilo “que fosse possível legalizar do espaço que ocupam”, salienta ainda o jornal regional.
Depois disso, elementos da comunidade deslocaram-se à autarquia, onde mantiveram um encontro bastante animado e descontraído com o presidente da Câmara Municipal, José Francisco Rolo, e com outros elementos do Executivo. O “Reino do Pineal” publicou imagens do encontro nas redes sociais, sublinhando que o autarca e os seus vereadores foram “muito receptivos e hospitaleiros” relativamente à comunidade.
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Em Junho de 2021, duas mulheres da comunidade também se fotografaram junto à presidente da Junta de Freguesia de Seixo da Beira, como fizeram questão de divulgar no Instagram.
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Projecto é financiado pelo futebolista Pione Sisto
A quinta onde o “Reino do Pineal” está instalado será propriedade do futebolista Pione Sisto, internacional dinamarquês do Midtjylland, como avança a Visão.
No site do projecto, Pione surge como o “patrono fundador”, mas não existem imagens que o associem à comunidade.
Pione Sisto, de 28 anos, não joga pelo Midtjylland desde o final de Agosto de 2022 depois de ter sido afastado da equipa. Não se sabe ao certo o que aconteceu, mas o director desportivo do do Midtjylland justificou o afastamento do atleta com o facto de a sua atitude não ser “compatível” com os “valores e cultura” do clube.
O jovem tem uma história de vida peculiar e chegou a ser apontado como uma das grandes promessas do futebol europeu, tendo sido até associado ao Benfica e ao FC Porto.
Os seus pais fugiram à guerra no Sudão e ele nasceu num campo de refugiados no Uganda, mas cresceu na Dinamarca, onde se naturalizou, chegando à Selecção do país.
Além do Midjtylland, jogou no Celta de Vigo, em Espanha, onde ficou mais conhecido pelo seu comportamento “estranho” do que pelo talento futebolístico.
O então colega de equipa no Celta, Iago Aspas, dizia à Cadena COPE que Pione andava “sempre ao contrário do mundo”. “Quando nós almoçamos ele janta. E aguenta sem comer até à hora do jogo. Agora só come fruta”, acrescentava.
Pione chegou a dizer nas redes sociais que passou 21 dias a comer só fruta, ao ponto de já não conseguir treinar da melhor forma.
Depois disso, anunciou que estava a fazer um tratamento para expulsar parasitas e publicou várias fotografias com aquilo que lhe saía do corpo. A par das imagens escabrosas publicava frases filosóficas como “Temos de nos destruir para criar algo novo”.
Mas quando se fala de Pione, é impossível não lembrar o caricato episódio que envolveu os seus pais quando estes fizeram um ritual tradicional para lhe desejar boa sorte na sua apresentação no Midtjylland, após o regresso do Celta.
Reino do Pineal
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O que eu acho é que aquele Água tem muito álcool e mais uns fumos dentro da Pinha.
É caso para dizer:
-Ó rapaz, ferve-te e evapora-te.
Só faltava mais esta , ! …… como se já não tivéssemos comicos que cheguem !
Roda aí isso a dois bafos..
Se eu fosse alguém com poder de decisão, esta seita já era…, não se pode aceitar tudo o que nos querem impor.
“Os problema do envelhecimento em Portugal e da desertificação do interior”…..Isso é verdade , mas acontece porque estamos a criar alunos de alto Nível e a Exportar para Países mais Ricos e a Importar pessoas dos Países Pobres e ainda por cima a Pagar para viverem cá , por isso qualquer dia Portugal já será mais dos estrangeiros que dos Verdadeiros Portugueses
Completamente de acordo, mas não concordo que estamos a criar alunos de alto nível, pois os nossos alunos tem a vida facilitada, convenhamos, todos falam e todos comentam, mas o mais grave é a desertificação de uma grande parte do território, qual a razão, muito simples os presidentes de câmara não investem no seu concelho, só lá estão para receber o seu dinheiro e dar benefícios aos amigos e familiares, pois se esta terras investissem na sua riqueza assim como nas pessoas e transportes, de certeza que tudo correria bem, depois temos os rendimentos que os trabalhadores obtêm que nem chegam para a renda, resumindo o povo gosta de se iludir, o que me faz espécie é esta seita ter seguidores que por enquanto são poucos, como muitas outras que temos pelo pais fora, a mana, a iurd, evanelica, testemunhas de geova, catolica e outras que existem
Lamento mas ninguém impôs nada a quem os segue, as pessoas estão lá porque acreditam, quantas seitas não haverá em Portugal, nós nem imaginamos, são tantas, eu considero que tudo que seja religião é idêntico a seita, mesmo a católica que é uma seita como as outras, só que mais moderada
Ataque á soberania Portuguesa…
Tudo recambiado de onde vieram isto é no mínimo um loucura!!! Querem que Portugal peça desculpa pelos descobrimentos (se não fossem os portugueses e a sua “aventura” marítima o que seria do mundo como o conhecemos??? E depois vem um espécime para não dizer outra coisa atacar a nossa soberania como nação, invadir o nosso espaço soberano e fazer uma invasão colonial? E ninguém levanta uma voz contra isto? Continuem a dormir e a seguir as mentiras, corrupções e permiscuidades do qual regime… Um dia quando acordarem talvez já seja tarde!
Permiscuidades? Não encontro essa palavra no dicionário!…
Quando for tarde demais tomam medidas apropriadas. Que não aconteça em Portugal algo como a seita NXIVM. Passaporte? Reclamar terra? Ridiculo no minimo; demasiado preocupante, contudo
Reino??? mas que porcaria é esta. Então nós corremos daqui com os muçulmanos no tempo do D. Afonso Henriques (que entretanto estão a voltar em força) corremos daqui com os espanhóis, os franceses, etc etc e agora vem este palhaço reclamar aqui um reino soberano onde faz tudo o que quer??? Mas que porcria é esta? Isto só mesmo com este governo!
Inimaginável, em pleno século 21 ler conteúdos deste teor. E o nosso governo a dormir e a fazer que não vê. Temos falta de pessoas válidas, não de idiotas. Para isso já basta os que cá abundam.
Esta seita é uma palhaçada e mais Palhaços são o SEF e/ou outros organismos que têm a seu cargo a resolução desta e outras situação semelhantges; deviam correr com eles lá para de onde vieram, como certamente já fizeram os Ingleses.