Há um lugar habitado onde as temperatuas chegam aos -71,2ºC. Mas está a quase 30ºC negativos de ser o lugar mais frio do planeta.
Segundo o IPMA, estima-se que a temperatura média atual da superfície da Terra seja cerca de 15°C.
É um valor muito mais alto do que os -18°C expectáveis, caso não houvesse efeito de estufa.
Apesar do aquecimento global provocado pelo fenómeno anteriormente referido, continuam a haver no planeta sítios extremamente frios.
A temperatura mais baixa alguma vez já registada por termómetros posicionados no solo data 21 de julho de 1983. Nesse dia, o termómetro bateu nos -89,2ºC, na estação de pesquisa de Vostok, na Antártida, no Polo Sul.
Por um período de dez dias no verão de 1983, os dados meteorológicos registaram -89,2ºC.
Já no hemisfério norte, a temperatura mais baixa já registada foi -69,6ºC.
Essa temeratura foi registada a 22 de dezembro de 1991, na estação meteorológica de Klinck, no meio do Círculo Polar Ártico, na Gronelândia.
Essa estação fica a uma altitude de 3105 metros, perto do ponto mais alto da montanha de Gunnbjørn, a mais alta da Gronelândia.
Os pesquisadores da Organização Meteorológica Mundial (OMM) encontraram esse recorde, enquanto vasculhavam um arquivo de 30 anos, criado em 2007.
As descobertas foram publicadas em setembro de 2020, no Quarterly Journal of the Royal Meteorological Society .
Antes de Klinck, o recorde na Polo Norte era -67,8ºC e que foi registado em dois sítios na Rússia: Verkhoyansk em fevereiro de 1892 e Oymyakon em janeiro de 1933.
Qual será o lugar mais frio do planeta?
Segundo a comunidade científica, o Planalto Antártico Oriental, na Antártida, é o lugar mais frio do planeta, onde as temperaturas podem chegar aos -98ºC.
Os pesquisadores descobriram isso examinando dados de satélite obtidos sobre uma crista na camada de gelo da Antártida que havia atingido -93ºC negativos.
Mas uma nova análise, com recurso a vários satélites de observação, publicada na revista Geophysical Research Letters, mostrou que as temperaturas terão sido ainda mais baixas: -98ºC.
Para chegar aos novos resultados, os cientistas observaram pequenas depressões ou buracos rasos na camada de gelo da Antártida, onde o ar frio, denso e descendente se acumula e pode permanecer durante vários dias.
Isso faz com que a superfície e o ar acima dela arrefeçam ainda mais, até que as condições claras, calmas e secas terminem e o ar se misture com um outro mais quente na atmosfera.
Ted Scambos, pesquisador do Centro Nacional de Dados de Neve e Gelo da Universidade de Colorado-Boulder, que liderou o estudo, disse em comunicado que este parece ser o limite de frio que a superfície da Terra pode atingir.
Quanto ao sítio habitado mais frio do mundo fica na Rússia.
Na vila de Oymyakon os termómetros já chegaram a beter nos -71,2ºC.
Curiosamente, a tradução do nome Oymyakon é “água que não congela”, devido a uma nascente termal próxima. A cidade era originalmente um destino para pastores de renas que traziam os rebanhos para a fonte de água.
As temperaturas médias nos invernos de Oymyakon rondam os -50ºC.
O dia mais frio alguma vez registado na cidade foi em 1924, quando as temperaturas caíram para os 71,2ºC negativos.
A cidade mais fria do mundo é Yakutsk e também fica na Rússia.
O recorde de temperatura mínima verificada na cidade siberiana foi a 25 de fevereiro de 1891, quando uma mínima de -64,4ºC foi atingida.
Este ano, em janeiro, o termómetro chegou a bater nos -62,2ºC – o registo mais baixo em quase duas décadas.
Situada apenas a 450 km do sul do Círculo Polar Ártico, Yakutsk também é a maior cidade construída em solo permanentemente congelado.
A cidade tem 250.000 habitantes e fica na margem ocidental do rio Lena, 95 metros acima do nível do mar.
Os cientistas estudam temperaturas extremas para entender melhor o sistema da Terra como um todo.
As temperaturas extremamente frias podem ajudar os cientistas a entender melhor as alterações climáticas, e o sistema terrestre como um todo.
“Acredito que temos muito a aprender sobre as mudanças climáticas em locais extremamente frios”, disse Howard Diamond, cientista climático da Administração Nacional Oceânica e Atmosférica à Live Science.
“As temperaturas frias não anulam o facto do planeta continuar a aquecer”, alertou o cientista.