A nova CEO do Twitter, Linda Yaccarino, vem da área da publicidade — que é exatamente o tipo de pessoa de que a rede social precisa neste momento. Mas se os investidores estão satisfeitos, nem todos os seguidores de Elon Musk aplaudiram a escolha.
O anúncio de que Linda Yaccarino é a nova CEO do Twitter foi esta sexta-feira bem recebido pelos mercados.
Para muitos utilizadores da rede social, esta foi a primeira boa notícia sobre a plataforma que ouviram em muito tempo: Musk tinha encontrado “alguém suficientemente louco” para lhe suceder.
Os analistas acreditam que Yaccarino poderá ser capaz de recuperar os estragos causados à imagem (e às receitas) da rede social nos últimos meses, após a sua aquisição pelo fundador da Tesla e da SpaceX.
A revista Forbes descreve-a como uma executiva experiente, cuja chegada poderá acalmar os anunciantes intranquilos após meses de decisões drásticas relacionadas com as medidas tomadas por Musk em relação à política de moderação de conteúdo e verificação de perfis na rede social.
A sua personalidade, no entanto, poderá desagradar a alguns dos mais ferrenhos seguidores de Musk, que partilham da controversa interpretação que o bilionário tem do que deve ser o “discurso livre” e “liberdade de expressão” na internet.
Alguns destes seguidores, acérrimos ativistas anti-vacinação, acusam mesmo Musk de “se ter vendido” a troco de uns dólares, depois de terem ressurgido nas redes sociais vídeos de Yaccarino, no papel de presidente da ONG publicitária Ad Council, em iniciativas a favor da vacinação e do uso de máscara.
Musk apressou-se a acalmar os fãs. “Compreendo as vossas preocupações, mas não julguem demasiado cedo. Estou determinado a defender a liberdade de expressão, mesmo que isso signifique perder dinheiro”.
Mas quem é então Linda Yaccarino?
Alguns pontos chave explicam por que motivo a executiva pode ser a pessoa certa para reerguer o Twitter do “pântano” em que se enterrou nos últimos meses.
Yaccarino tem um longo percurso na área da publicidade, ou seja, exatamente o tipo de liderança de que o Twitter precisa desesperadamente neste momento.
De acordo com seu perfil no LinkedIn, Yaccarino trabalhou na NBCUniversal durante cerca de 12 anos, durante os quais liderou as áreas de vendas de publicidade e gestão de parcerias com clientes, antes de assumir a presidência da empresa — na qual geriu uma equipa de mais de 2 mil funcionários que gerou rendimentos de mais de 100 mil milhões de dólares.
Yaccarino e a sua equipa foram fundamentais no lançamento do Peacock, a plataforma de streaming da NBCU, na qual, recorda a DW, adotou formas inovadoras de medir as performances dos anúncios, além de ter tecido parcerias importantes com gigantes como a Apple, Buzzfeed, YouTube, Snapchat — e o próprio Twitter.
Antes da NBCUniversal, Yaccarino tinha sido vice-presidente executiva e diretora de operações de vendas de publicidade, marketing e aquisições na Turner.
A executiva tem reputação e credibilidade no Twitter. É, desde abril de 2012, utilizadora da rede social, onde se apresenta com o handle @lindayacc. (devidamente certificado com o famigerado selo azul). Segue 1.161 utilizadores e tem quase 22.000 seguidores.
E se tinha dúvidas, sim, Yaccarino Elon Musk seguem-se mutuamente. A executiva tem já, aliás, histórico com o bilionário, que entrevistou no início deste ano durante a conferência de marketing MMA POSSIBLE, em Miami.
Yaccarino é então uma boa escolha para o cargo? Segundo a Fast Company, parece ser uma escolha sensata.
Desde que Musk assumiu o controlo do Twitter em outubro de 2022, a rede social assistiu a uma debandada de grandes anunciantes, que abandonaram a plataforma por não quererem ver as suas marcas associadas a discurso de ódio, teorias da conspiração e fake news.
Se há alguém capaz de seduzir os anunciantes de volta ao Twitter, talvez seja Yaccarino. Conhece o negócio, fala a língua dos publicitários e promete trazer à rede social uma lufada de ar fresco.
Musk, Twitter, anunciantes, a nova CEO parece assim ser a escolha certa para todos, menos para os fieis seguidores do bilionário. Até quando, logo se verá.
