Proibido encher piscinas, lavar carros e regar jardins. Portugal pode ter de seguir o exemplo de França

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A partir desta quarta-feira, é proibido encher piscinas, lavar carros, regar os jardins e usar spas no departamento dos Pirenéus Orientais, em França, na fronteira com Espanha. Portugal pode adoptar medidas semelhantes por causa da seca.

Os Pirinéus Orientais, na fronteira entre Espanha e França, passam por um período de seca histórica, o que levou as autoridades locais a anunciarem diversas restrições, nomeadamente a proibição de encher piscinas, de lavar carros, de regar jardins, e até de usar spas.

O ministro francês da Transição Ecológica, Christophe Báchu, já tinha anunciado, numa Rádio francesa, que a venda de piscinas seria proibida nesta região – para evitar que os cidadãos caiam em tentação.

A associação ambientalista Zero admite que Portugal pode ser obrigado a tomar medidas semelhantes, caso a situação de seca continue, ou se agrave.

Se o país continuar “numa situação de seca dramática, do ponto de vista não apenas meteorológico, mas também hidrológico”, o Governo português será forçado a “chegar a proibições desta natureza”, se não em todo o país, pelo menos, “à escala municipal”, nomeadamente “se estiver em causa o uso de água para consumo humano“, analisa Francisco Ferreira da Zero em declarações à Rádio Renascença.

Não se pode “enfiar a cabeça na areia e deixar de fazer essa análise quando ela pode ser tão importante e relevante para o futuro próximo”, diz o ambientalista, notando que é preciso “olhar para os próximos meses e assumir que tudo poderá correr mal em termos de precipitação”.

Nesta altura do ano, em plena Primavera, já estamos com locais “numa situação muito complicada”, acrescenta. Há “albufeiras que, neste momento, estão já quase no limite dos seus mínimos“, diz ainda.

Seca já atinge 89% de Portugal continental

No mês de Abril, a situação de seca meteorológica agravou-se em Portugal. Cerca de 89% do território continental está em seca, 34% da qual é severa e extrema, segundo o Instituto Português do Mar e da Atmosfera (IPMA).

Em apenas um mês, a área em seca quase duplicou em relação a Março, quando era de 48%.

Destaca-se a região Nordeste na classe de seca moderada e, na região sul, os distritos de Setúbal, Évora, Beja e Faro estão nas classes de seca severa a extrema.

Este que passou foi o 4.º Abril mais quente desde 1931 (o mais quente foi em 1945), tendo sido registadas três ondas de calor no território continental que afectaram as regiões do interior Norte e Centro, vale do Tejo, Alentejo e Sotavento Algarvio.

Ministra diz que seca é “muito mais grave” em Espanha

O Ministério da Agricultura, tutelado por Maria do Céu Antunes, reconheceu, na segunda-feira, a situação de seca severa e extrema em cerca de 40% do território nacional.

Garantindo ter sinalizado a situação junto da Comissão Europeia, o ministério comunica que a adopção de eventuais medidas de apoio aos agricultores está sempre dependente da “luz verde” de Bruxelas.

A ministra da Agricultura também recusou as críticas que dizem que o Governo se atrasou a reconhecer a situação de seca, justificando que só agora o fez devido às regras europeias.

A governante explica que, para este efeito, precisa dos dados do IPMA que atestem as condições meteorológicas, como por exemplo a falta de chuva nos últimos dois meses. “Em bom rigor, só na passada semana é que isso aconteceu em Portugal“, salienta.

Em jeito de comparação, a ministra nota que Espanha “tem uma situação já muito mais grave que Portugal e teve condições para accionar essa declaração mais cedo”.

ZAP // Lusa

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6 Comments

  1. É preciso averiguar se a ausência de chuvas e aumento elevado das temperaturas nestes meses de Abril e Maio, está a ser provocado pela Natureza ou pelo Ser-Humano.
    A ZERO – Associação Sistema Terrestre Sustentável não tem qualquer tipo de autoridade nem representa os Portugueses, sendo essencial averiguar se recebe Dinheiro Público, pois o mesmo não pode nem deve ser atribuído a associações ou instituições de solidariedade social (ipss), ainda para mais sem a autorização dos Contribuintes.

  2. Desde que os regadios tenham água o resto da população pode passar sem tomar banho, e viva o Alqueva, quero ver quando os espanhóis fecharam as barragens deles quem vai ter a prioridade, se as pessoas, se os regadios

  3. Ainda há uns 5 meses talvez menos as barragens já deitavam fora, sem contar que existem barragens acima de 90% da sua capacidade pelo boletim de albufeiras actualizada semanalmente, sem contar que em dezembro a estação de Algés era uma piscina, ainda hoje se conta a história que vários peixes perderam um novo habitat, veio a primavera e já se estão a queixar novamente, se nem os patrões pagam salários em condições, iria a metrologia fazer o seu trabalho em condições? Lógico que não a crise está pra todos.

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