Marcelo Rebelo de Sousa foi esta terça-feira confrontado em Murça por dois populares revoltados. “Fala muito bem mas não faz nada”, disse um deles.
“Vamos ver”. Foram estas palavras repetidamente ouvidas por Marcelo Rebelo de Sousa quando confrontado por dois populares na rua, em Murça, no distrito de Vila Real. O Presidente da República estava a visitar algumas das áreas mais afetadas pelos incêndios.
Um dos homens, que disse ser imigrante, recordou que quando era “pequenino” andava “com baldes a apagar fogos” e que 40 anos depois “continua tudo igual”.
“O senhor engana os portugueses. O que andou a fazer PS e PSD? E o senhor, ao tempo que lá está, o que fez? Fala muito bem, é muito educado, mas não faz nada”, gritou o homem, visivelmente irritado. “Cinco anos depois de Pedrógão não limparam a floresta. Cinco anos e não fizeram nada. Incompetência”.
Marcelo foi falando conforme conseguiu, respondendo repetidamente “vamos ver”.
É o que dá mais de 40 anos a brincar com as pessoas, a roubar os portugueses e a sentirmo-nos ultrapassados por todos. O sistema está a cair de podre. Temos de recuperar a dignidade deste país. Esta é a Hora! pic.twitter.com/46hDvHxu8e
— André Ventura (@AndreCVentura) December 27, 2022
Durante mais de dois minutos, os dois homens continuaram a contestar em alta voz a atuação do Presidente da República em vários temas. Os populares falaram ainda das remunerações de José Sócrates e de Manuel Pinho, por exemplo: “Um bombeiro fica inútil e recebe 400 euros. O Sócrates foi preso e ganhava três mil na prisão. O Pinho ganha 15 mil euros por mês”.
“O que é que isso tem a ver com os incêndios?”, questionou Marcelo, ao que um dos homens respondeu: “Tem a ver que o senhor é Presidente da República”.
“Isso não é responsabilidade do poder político, os tribunais é que julgam”, argumentou o chefe de Estado, com o homem a retaliar: “Mas os tribunais não trabalham, senhor Presidente”.
Mais tarde, em declarações aos jornalistas, Marcelo Rebelo de Sousa sugeriu que os protestos tinham origem partidária.
“Conjuntamente à crítica que fizeram, havia crítica a partidos que não estavam no Governo, críticas que não tinham a ver com nada. Portanto, era muito partidarizada e muito politicamente partidarizada. Isso é a democracia. Haver partidos ou movimentos de opinião mais radicais na crítica. Pode até acontecer que o povo um dia lhes dê o poder”, afirmou o Presidente.
Relativamente aos incêndios, o Presidente da República disse que “tudo deve ser feito” para que aquilo que aconteceu este ano não se repita, referindo que há problemas que vêm de trás e que têm de ser mudados.
“Vamos trabalhar para que não possa suceder mais o que sucedeu este ano. Deve ser tudo feito para não voltar a acontecer e vamos trabalhar nisso”, afirmou Marcelo Rebelo de Sousa na chegada a Murça.
«…A atitude de aconselhada independência e neutralidade, aguardando que do simples embate das forças políticas surja o Estado futuro, é atitude imprevidente, indigna de governantes, falha de lógica, desconhecedora das realidades sociais: nunca barco abandonado à fúria de ventos contrários demandou porto de abrigo, e muitas vezes se despedaçou, ao tocar a terra, contra os rochedos da costa!…» – Oliveira Salazar