O ministro das Finanças, Fernando Medina, demitiu na terça-feira a secretária de Estado do Tesouro, Alexandra Reis, menos de um mês depois de esta ter tomado posse.
A decisão surgiu após ter vindo a público a informação de que Alexandra Reis recebeu 500 mil euros da TAP por ter saído antecipadamente do cargo que ocupava como administradora executiva, relatou o Público.
“Solicitei hoje à Eng.ª Alexandra Reis que apresentasse o seu pedido de demissão como secretária de Estado do Tesouro, o que foi por esta prontamente aceite”, escreveu Medina num comunicado enviado às redações.
“Tomei esta decisão no sentido de preservar a autoridade política do Ministério das Finanças num momento particularmente sensível na vida de milhões de portugueses”, indicou na nota o governante.
“No momento em que enfrentamos importantes exigências e desafios, considero essencial que o Ministério das Finanças permaneça um referencial de estabilidade, de autoridade e de confiança dos cidadãos. São valores fundamentais à boa condução da política económica e financeira e à direção do setor empresarial do Estado”, referiu ainda o ministro.
E concluiu: “quero neste momento agradecer à Eng.ª Alexandra Reis – detentora de um curriculum profissional de enorme mérito e qualidade – todo o trabalho desenvolvido, e sobretudo reconhecer a integridade e correção com que neste período pessoalmente difícil assegurou a defesa do interesse público”.
Na terça-feira, o primeiro-ministro António Costa disse à agência Lusa que “desconhecia em absoluto os antecedentes” e que se encontrava a “aguardar o esclarecimento cabal dos factos e da sua qualificação jurídica”. Também o Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, e membros do PS pediram esclarecimentos.
“Os senhores ministros estão à espera, o senhor primeiro-ministro está à espera, eu estou à espera e, sobretudo, os portugueses estão à espera porque em democracia é muito importante que os portugueses sejam esclarecidos”, disse o chefe de Estado.
No sábado, o Correio da Manhã divulgou uma nota da TAP, na qual a empresa afirmava que Alexandra Reis apresentou a renúncia ao cargo. Na segunda-feira, esta disse à Lusa que foi a TAP quem solicitou a revogação do seu contrato de trabalho e que a cessação foi acordada “entre as equipas jurídicas de ambas as partes”.
Informou ainda que o processo decorreu no “estrito cumprimento de todos os preceitos legais” e que “devolveria de imediato” qualquer quantia que “não estivesse convicta de estar ancorada no estrito cumprimento da lei”.
Ao início da noite de terça-feira, foi conhecido o esclarecimento da TAP segundo o qual Alexandra Reis pediu inicialmente 1,4 milhões de euros de indemnização no âmbito do seu acordo para cessar funções na companhia, mas acabou por receber 500 mil euros.
“Como contrapartida pela cessação de todas as referidas funções contratuais, e não obstante a pretensão inicial de AR [Alexandra Reis] se cifrar em 1.479.250 euros, foi possível reduzir e acordar um valor global agregado ilíquido de 500.000 euros a pagar” à atual governante, lê-se no documento da empresa.
Segundo avançou esta quarta-feira o Expresso, desde que o Estado assumiu o controlo da TAP, quatro administradores executivos renunciaram ao cargo – Antonoaldo Neves, David Pedrosa, Raffael Quintas Alves e João Reis Gameiro -, mas somente Alexandra Reis recebeu uma compensação.
Oito demissões em nove meses
Com a saída de Alexandra Reis, já são oito demissões no Governo num período de apenas nove meses. Sara Abrantes Guerreiro, ex-secretária de Estado da Igualdade e Migrações, deixou o executivo por razões de saúde.
Marta Temido, ministra da Saúde desde 2018, apresentou a demissão em agosto Seguiram-na os secretários de Estado da Saúde, António Lacerda Alves e Maria de Fátima Fonseca. Em novembro, saiu o secretário de Estado adjunto do primeiro-ministro, Miguel Alves,
A seguir, o ministro da Economia pediu a demissão do secretário de Estado João Neves e da secretária de Estado do Turismo, Comércio e Serviços, Rita Marques.
Demissão “não resolve problemas de fundo”
A porta-voz do partido PAN, Inês de Sousa Real, defendeu esta quarta-feira que a demissão, embora “inevitável”, “não resolve os problemas de fundo” da TAP.
“A demissão de Alexandra Reis, apesar de inevitável, não resolve os problemas de fundo no modo como a TAP e os seus recursos têm sido geridos, a começar pela opacidade da gestão numa empresa intervencionada com dinheiros públicos, num total de 3,2 mil milhões de euros”, escreveu Inês de Sousa Real no Twitter.
Para Inês de Sousa Real, “as remunerações dos cargos de topo da TAP, demonstram que o PAN tinha razão quando desde 2020 disse (e propôs) que toda e qualquer injeção de dinheiro público teria de ser acompanhada de contrapartidas de gestão empresarial, que revisse as políticas contratuais e salariais”.
A porta-voz do PAN recordou que, “em 2019, apesar dos prejuízos, pagaram-se prémios de 1,17 milhões de euros ao conselho de administração e gestores de topo, numa marca despesista que levou ao estado em que a empresa se encontra e mais recentemente dispensaram-se e pediram-se sacrifícios aos trabalhadores”.
Inês Sousa Real insistiu que “o problema não está resolvido” com a demissão de Alexandra Reis. “Não basta que Fernando Medina tenha pedido a demissão da secretária de Estado, o Governo continua a ter explicações a dar. É sob a sua chancela que o nosso dinheiro anda a ser mal gerido e que continua a circular por entre as ‘portas giratórias’ do poder”, apontou.
Último cheque para a TAP
A última tranche de ajuda pública autorizada por Bruxelas, no valor de 980 milhões de euros, tinha de ser entregue até ao final do ano. O despacho que autoriza a transferência do dinheiro foi assinado por Medina, sem a intervenção da secretária de Alexandra Reis, que pediu escusa, noticiou o Jornal de Negócios.
A transferência é o culminar das ajudas de Estado que começaram em 2020, depois do impacto da covid-19 na companhia aérea, e que implicaram um plano de reestruturação da empresa.
Ao todo, a injeção de capital na companhia aérea chega aos 3200 milhões de euros, e que levaram ao fim da participação dos privados, com o Estado a deter diretamente 100% do capital da TAP SA e 100% da TAP SGPS. A estratégia do Governo passa por reprivatizar parte da empresa nos próximos dois anos.
Senão tivesse ido para o governo estava tudo bem Porque não se preocupam os Srs. jornalistas com os altos salários e gratificações que são pagas tanto no publico como no privado A preocupação é só quando vão para o governo!
Só têm de se preocupar com o qué público! Com o privado preocupam-se os privados. O senhor não tem, nem deve ter intervenção no que não lhe pertence.
Deve ser seu Parente alguem, para os estar a defender, roubam-nos descaradamente e ainda Por cima há quem os defenda, realmente se compreende a razão de o PS ter a Maioria, adoram ser Roubados
Não sei porque a demitiram. ela não fez nada de ilegal. Ela e a Tap cumpriram o que estava previsto no contrato.
deve ser para rir, primeiro foi dito que ela se demitiu e depois integrou em Outra Empresa , depois nunca vi Ninguem ser Pago por se despedir, mais tarde disseram que ela se demitiu a Pedido , isto está aqui uma salganhada, muitos mais Podres se ão descobrir na TAP agora
E o ministro da tutela não sabia de nada! O que que anda este “doente” Pedro N. Santos a fazer? Mandem embora este pobre rapaz. Não tem o mínimo de categoria para ser ministro.
Mais um que se demitiu, e se investigarem bem a TAP é só a ponta do Iceberg, entretanto vão os Ministros todos
Demitiram-na porque a mulher do Medina zangou-se com ela.
Alexandra Reis recebeu 500 mil euros da TAP por ter saído antecipadamente do cargo de Administradora executiva. O que faz uma Administradora executiva? Administra uma empresa pior que uma pessoa com a 4ª classe? Que sabe que não se pode gastar mais do que se tem! Deveria era devolver todo o dinheiro que recebeu pelo seu mau serviço prestado, ela e todos os administradores, maus.
Se eu quiser sair do meu trabalho, eu tenho que pagar pela saida antecipada, nunca o contrário!!! Em que planeta alguém rescinde um contrato e ainda recebe por isso…..
Ela foi despedida. No entanto, a TAP comunicou que a decisão tinha sido dela para não “manchar” o seu percurso profissional. Até aí tudo bem. Isso é prática corrente neste tipo de cargos de topo. O problema está em que uma empresa pública intervencionada e em situação económico-financeira muito difícil, onde todos nós já pusemos quase 4 mil milhões de euros, não pode pagar indemnizações desta ordem. Não faz qualquer sentido. Até porque sou da opinião que, neste caso, deveria assumir-se o estatuto de gestor público e, desse modo, nunca teria direito a receber a referida indemnização.
Mau seria se tivessemos de pagar indemnizações a todos os Gestores Públicos nomeados pelos Governos sempre que decidem mudar os Gestores das empresas. Não esquecer que não foi a TAP que colocou um anúncio para contratar uma pessoa para determinado cargo. Foi o Governo que a colocou lá. Essa Senhora saiu da TAP e foi colocada na NAV. Isto é que se chama vulgarmente como JOB FOR THE BOYS. O assunto não se resolve com a demissão dela mas sim com a devolução dos 500m€. Esta questão nunca foi nem será nunca uma questão jurídica mas sim moral e ética. Da mesma forma que tenho a certeza que ela saiu do Governo e vai ser colocada nalgum cargo no estrangeiro.
Não querendo imiscuir-me na gestão editorial do ZAP diria que o títuilo deveria ser antes assim: Medina demite Alexandra Reis. Será que vai devolver os 500m€? Os Portugueses não querem saber do n.º de governantes que já sairam do Governo. Isso nós já estamos habituados a que aconteça.
ÚLTIMA HORA: Milhões de Euros provenientes do Orçamento do Estado (OE) financiado pelo dinheiro dos Portugueses, vai ser entregue a organismos internacionais de acordo com a Resolução do Conselho de Ministros n.º 133/2022, de 28 de Dezembro, publicada em Diário da República (DR).
Já agora. O Medina demitiu a alexandrinha SIC. Será que quer desfocar os holofotes da sua própria mulher, e até dos antecessores.
Alexandra Reis , diz que recebeu 500.000 por ter deixado a gestão tap DO ESTRITAMENTE CUMPRIMENTO DA LEI. Então há duas leis…. devia ter recebido 1 479 250€. Por isto percebe-se algo de errado.
“Tomei esta decisão no sentido de preservar a autoridade política do Ministério das Finanças”. Aonde chega a falta de vergonha deste ministro! Então há menos de um mês, quando a convidou para Secretária de Estado, não estava no seu espírito a necessidade de preservação do Ministério? Este ministro está atolado até às orelhas. Depois que foi pró-Putin na Câmara de Lisboa este sujeito é só calinadas de principiante político.
“Detentora de um curriculum profissional de enorme mérito e qualidade”. Então e demitiu-a? Mais uma calinada. Este gajo está feito num oito. Porque não pediu boleia à Secretária de Estado e abandonavam ambos o ministério?
Pois contando que foi “novamente” despedida a indemnização é maior. Estes políticos estão muito à vontade com o dinheiro público.
mas porque é que não há ninguem que fiscalize/escrutine/confira previamente o curriculo dos concorrentes a cargos governamentais antes de eles serem nomeados? ou ser do partido é o suficiente? parece que o PR tem de passar a pedir um tempo para analisar o passado de qualquer indigitado para secretário de estado ou ministro antes de oficializar a tomada de posse.