A Uber vai começar a mostrar anúncios antes e durante as viagens. Os preços poderão baixar, mas especialistas não veem vantagens para os clientes.
A Uber ainda está a recuperar do escândalo de julho, em que uma investigação do Consórcio Internacional de Jornalistas veio expor as suas práticas mais duvidosas. A empresa encarava os ataques contra os motoristas como uma forma de ganhar apoio nos meios de comunicação e usou-os para tentar pressionar os responsáveis políticos a relaxar as regulações.
Isto não impediu a empresa de forçar uma alteração um tanto polémica. A Uber está a lançar uma divisão de publicidade dedicada para começar a ganhar dinheiro com a sua grande coleção de dados de clientes, anunciou a empresa na semana passada.
Entre as novidades estão os chamados “anúncios de viagem”, que serão exibidos antes e durante a viagem.
“Enquanto espera que lhe seja atribuído um motorista, um anúncio vai aparecer na aplicação, com anúncios da mesma marca também exibidos durante a viagem”, explicou Carissa Simons, gestora de comunicações corporativas da Uber, em declarações ao The Washington Post.
A Uber planeia ainda enviar “emails patrocinados que permitem que as marcas promovam ofertas exclusivas para consumidores Uber e Uber Eats”.
Além disso, a empresa está a testar o uso de tablets com publicidade em carros, ao estilo de alguns táxis, em São Francisco e Los Angeles, nos Estados Unidos.
No entanto, há sérios riscos nesta inovação da Uber. Numa tentativa de ganhar dinheiro com publicidade, a empresa pode perder clientes que chateiem com os anúncios.
“Se incomodar os passageiros com anúncios muito perturbadores ou invasivos, isso pode ser desastroso para os seus negócios”, diz Michael Nevins, diretor de marketing da empresa de tecnologia de publicidade Equativ, ao Post.
A Uber não parece preocupada com os possíveis riscos.
“Acreditamos que a publicidade na Uber transformar-se-á num forte fluxo de receitas – inclusive para motoristas que podem beneficiar de iniciativas como tablets no carro – que podem oferecer preços ainda mais atrativos para os passageiros”, disse Simons, que recusou dizer quanto mais baixos poderiam ser os preços.
A possível queda nos preços poderá não ser suficiente para fazer a diferença para os passageiros, considera Leonard Sherman, professor da Columbia Business School.
“Tudo isto é para enriquecer a Uber”, disse Sherman. “Não vejo o cliente a ganhar nada com isto”.