O som foi criado tendo por base os dados recolhidos pela Agência Espacial Europeia durante uma tempestade solar em Novembro de 2011.
Não podemos tocar nele ou vê-lo, mas agora já o conseguimos ouvir. O campo magnético da Terra é essencial para a vida no nosso planeta, mas os seus sons são muito mais sinistros e assustadores do que o seu propósito tão nobre.
O campo magnético é uma bolha complexa e dinâmica que nos protege da radiação cósmica e das partículas emitidas pelo vento solar. A colisão destas partículas com os átomos e as moléculas — maioritariamente de oxigénio e nitrogénio — na nossa atmosfera superior, causa a dança das luzes coloridas no céu típica das auroras boreais, que acontecem perto dos pólos da Terra.
Uma equipa de cientistas da Dinamarca pegou agora nos sinais magnéticos medidos pela Agência Espacial Europeia e transformou-os numa canção fantasmagórica.
“A equipa usou dados dos satélites SWARM da Agência Espacial Europeia, assim como de outras fontes, e usou estes sinais magnéticos para manipular e controlar uma representação sonora do núcleo do campo. O projecto foi certamente um exercício recompensador na junção da arte e da ciência“, explica Klaus Nielsen, músico e membro da equipa, citado pela Agência.
O som assemelha-se quase ao barulho de fundo de uma tempestade — ou de um filme de terror —, com vários barulhos parecidos com o vento ou chão a tremer, com o crepitar de um espanta-espíritos ou até com a respiração ofegante de alguém.
A gravação foi captada durante uma tempestade solar que chegou à Terra em Novembro de 2011 e pode servir como um bom barulho de fundo se estiver a pensar organizar uma festa de Halloween.
A equipa vai agora tocar a gravação em público na praça Solbjerg, em Copenhaga, na Dinamarca, várias vezes por dia, entre 24 e 30 de Outubro. A praça foi equipada com mais de 30 colunas, com cada uma a representar uma localização diferente na Terra.
“O estrondo do campo magnético da Terra é acompanhado por uma representação de uma tempestade geomagnética que resultou de uma erupção solar a 3 de Novembro de 2011 e, de facto, soa bastante aterrador”, afirma Nielsen.
A intenção, no entanto, não é assustar-nos, mas apenas lembrar-nos da dependência que a vida no nosso planeta tem campo magnético protector — e que é bom que cuidemos dele.